John Lee Hooker – Live at Cafe au-go-go

Não tendo sido per se, a minha introdução aos blues, foi deveras importante para desde muito cedo, tentar compreender o que era de facto a mais pura essência deste género de música.

John Lee Hooker  Live at Cafe au-go-go
gravado ao vivo em 20 de Agosto 1966

John Lee Hooker – guitarra e vocais
Muddy Waters – guitarra
Otis Spann – piano
Sammy Lawhorn – guitarra
Luther Johnson – guitarra
Marc Arnold – guitarra baixo
Francis Clay – bateria
George Smith – harmónica

 

por Telmo Marques

De novo à volta dos blues, este álbum não pode nem deve deixar ninguém indiferente.
John Lee Hooker é acompanhado aqui por Muddy Waters e a sua banda, criando toda uma sonoridade, que é do mais bluesiana possível.

A primeira vez que ouvi este álbum foi em vinil, no início dos '90, onde o que era mesmo hip seria estar a ouvir o Nevermind dos Nirvana ou o Black Album dos Metallica. 

Depois de perder por completo o rastro ao vinil, adquiri uns valentes anos depois, o respectivo cd, que de imediato me remeteu de novo para os meus doze ou treze anos, relembrando-me das incontáveis noites a ouvir este álbum, praticamente em loop.

Não tendo sido per se, a minha introdução aos blues, foi deveras importante para desde muito cedo, tentar compreender o que era de facto a mais pura essência deste género de música.

A Muddy Waters band confere ao longo de todo o álbum, uma ferocidade musical tremenda, especialmente em temas como "I'm Bad Like Jesse James", que abre o respectivo álbum, "One Bourbon, One Scotch, One Beer (quanto a mim, o highlight de todo o álbum), ou no tema de encerramento, "Seven Days".

As guitarras digladiam-se entre si, deixando espaço para Hooker arrancar talvez os melhores vocais de todos os seus álbuns, especialmente os de registo ao vivo, e Otis Spann, a marcar presença ao longo de todo o álbum, com um trabalho de piano magnífico, que encaixa que nem uma luva ao longo destes oito temas (pena não terem sido gravados ou editados mais).
Sente-se ao longo de todo o álbum, ainda que de uma forma sub-reptícia, o odor da nicotina e álcool destilado, que embeleza ainda mais toda a envolvência deste álbum, especialmente ao vivo. 

Uma autêntica ode aos blues, é uma autêntica pena, que este seja um dos álbuns mais obscuros da carreira de Hooker, ainda que conte com nomes tão sonantes do blues como os já anteriormente referenciados.

Espero, no entanto, que este pequeno texto, sirva para que procurem e escutem o álbum com a devida atenção, de preferência à noite, e quem sabe, partilhando-o na companhia de um bourbon, um scotch ou uma beer…!!!
Se forem abstémios, podem sempre ouvir Tony Carreira no Olympia…!!!

Até para a próxima semana