Templários e Tabuleiros

Chuva cerrada, relâmpagos, trovões, a luz repentina de um raio a entrar cá em casa. E não me venham dizer que a chuva é precisa porque isto é muito mais do que uma simples chuvada.

Por Alice Vieira e Nélson Mateus

Querida avó,

Ultimamente fui algumas vezes a Tomar.

Cidade que, apesar de gostar muito, já não ia há alguns anos.

A Exposição do nosso Ruy de Carvalho esteve na Biblioteca Municipal de Tomar, Dr. António Cartaxo Da Fonseca.

Como tal, acabei por lá ir diversas vezes e, claro, aproveitei para revisitar a Cidade dos Templários com o seu belo rio Nabão.

Tomar está eternamente associada aos Cavaleiros Templários e a todo o património templário como o Castelo de Tomar e o Convento de Cristo.

O Convento de Cristo é um dos expoentes máximos da arquitetura portuguesa conjugando diversos estilos, desde o gótico, manuelino, barroco entre outros.

A famosa Janela do Capítulo, considerada por muitos a obra mais emblemática do estilo manuelino, está a ser restaurada.

Mas o que mais me marcou nesta visita foi, sem dúvida, a belíssima Charola que era o oratório privativo dos Cavaleiros, no interior da fortaleza.

No Convento de São Francisco descobri o original Museu dos Fósforos, que um dia gostaria de visitar contigo. Conta com mais de 60 mil caixas de fósforos oriundas dos sete cantos do mundo, imagina. Fazem parte da coleção pessoal de Aquiles da Mota Lima.

Nestas minhas idas a Tomar, fiquei algumas noites no Hotel dos Templários. Um belíssimo Hotel que já admirava desde as visitas de estudo nos tempos idos da escola.

Ver se é em 2023 que vou, pela primeira vez, à famosa Festa dos Tabuleiros. Ando há anos para ver o cortejo, onde as raparigas nabantinas transportam à cabeça os tabuleiros que, por tradição, devem ser proporcionais à sua altura.

Uma festa com muita folia e animação. Logo o local onde eu tenho que estar!

A Vereadora da Cultura quer a tua exposição em Tomar no próximo ano. 

Para te adoçar a boca enviou-te umas Fatias de Tomar, Estrelas de Tomar e uns Beija-me Depressa.

Vão fazer a diferença na tua mesa de Natal.

Bjs

 

Querido neto,

Enquanto falas aí calmamente sobre os Templários, e os bolinhos (obrigada, de qualquer modo) vai por aqui uma tempestade como há muito não via nada assim. Chuva cerrada, relâmpagos, trovões, a luz repentina de um raio a entrar cá em casa. E não me venham dizer que a chuva é precisa porque isto é muito mais do que uma simples chuvada.

Inundações por toda a parte. As lojas com a porta ao nível da rua todas inundadas, uma mulher morreu em Algés, recentemente. Nem sei como o meu irmão, que se assusta por tudo, ainda não me telefonou a dizer «isto é o apocalipse!», como é seu hábito.

E eu, que me preparava para ir jantar com o meu filho, para celebrarmos o Dia da Mãe (sim, para mim o dia 8 de Dezembro foi, é, e há de ser sempre o Dia da Mãe – mas disso falamos depois) tive de ficar o dia todo dentro de casa, contentar-me com uma chamada telefónica e ele também preocupado com o temporal – e quem não está.

As mudanças climáticas é no que dão. E enquanto assobiarmos para o ar, e pensarmos que isso não é connosco – nunca poderemos estar tranquilos.

Fico muito feliz por, no próximo ano, a minha exposição ir para a belíssima cidade de Tomar.

Como sabes, é uma cidade de que gosto bastante. Perdi a conta às vezes que visitei Tomar, em criança, com os meus tios.

Ao longo da vida tenho voltado imenso a Tomar para visitas a escolas.

Fico muito feliz com essa novidade da exposição, sobre a minha vida e obra, ir para a Cidade dos Templários no ano em que celebro os meus 80 anos, de vida.

Nessa altura levas esta avó, que tanto te ama, a passear aos locais que enumeraste.

Se o próximo ano vai haver Festa dos Tabuleiros, tu aproveita para ir. Caso contrário tens que aguardar mais quatro anos.

Olha, vou comer um “Beija-me Depressa” e os outros doces que me trouxeste, para sossegar.

Já compraste todos os presentes de Natal?

Já sei que em Tomar resolveste parte do assunto.

Bjs