Mais uma semana, mais mudanças nos preços dos combustíveis. Feitas as contas, a gasolina deve aumentar dois cêntimos, enquanto o gasóleo deverá cair cerca de um cêntimo. Assim, o litro de gasóleo simples deve rondar os 1,598 euros e a gasolina simples ficará pelos 1,602 euros por litro, segundo os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
Ainda esta segunda-feira, a Entidade Reguladora para os Serviços Energéticos (ERSE) revelou, no seu relatório semanal, que a média dos preços de venda ao público dos combustíveis em Portugal ficou, na semana passada, acima dos preços de referência calculados pela ERSE. A gasolina foi vendida quatro cêntimos por litro acima face ao que a ERSE classifica como “preço eficiente”, ou seja, mais 2,4%. Já o preço médio do gasóleo ficou 1,8 cêntimos (ou 1,1%) acima do preço eficiente.
Preços devem continuar em baixa No final de um ano em que os preços dos combustíveis atingiram máximos históricos não se espera que esse aumento volte a ser tão significativo, pelo menos nos próximos tempos. Esta é a perspetiva dos especialistas já ouvidos pelo nosso jornal. Paulo Rosa, economista do Banco Carregosa, lembra que este é “muito volátil e que espelha a evolução da cotação do barril do petróleo”. Mas alerta que “uma possível recessão em 2023 ditaria uma diminuição da procura global de petróleo e consequentemente do preço dos hidrocarbonetos, mas o Governo português poderá gradualmente retirar o apoio fiscal e diluir esse mesmo efeito de queda dos preços dos combustíveis nas bombas”.
Sobre as perspetivas, Mário Martins, analista da ActivTrades, diz que “para já é previsível que os preços subam um pouco mais, dado que o preço do petróleo subiu nas últimas duas semanas, e existe um atraso de efetivação dos novos preços no preço dos combustíveis”. No curto prazo, defende, “estará dependente do que ocorrer na guerra no leste da Europa”. E é da opinião de que os preços subam um pouco mais, “dado que o preço do petróleo subiu nas últimas duas semanas e existe um atraso de efetivação dos novos preços no preço dos combustíveis”. Mas, a curto prazo, tudo “estará dependente do que ocorrer na guerra no leste da Europa”.
Por sua vez, Henrique Tomé, analista da XTB, defende que apesar das subidas nos preços do petróleo, “que estão a contribuir para o aumento dos preços dos combustíveis, a tendência de baixa será para continuar”.
O analista explica que, no lado da procura, “começam a surgir sinais evidentes de que há uma diminuição na procura, devido à diminuição da atividade económica, sobretudo na China e nos EUA”. E alerta que os receios sobre o risco de recessão “estão a penalizar também os preços das matérias-primas e o próximo ano deverá ser marcado por estas questões, dado que a inflação começa a dar sinais de abrandamento e poderá passar para segundo plano”. Ainda assim, nos combustíveis, a médio e longo prazo, “espera-se que os preços continuem a baixa. Para além das questões relacionadas com o petróleo, o facto do euro estar a conseguir recuperar em relação ao dólar americano também apoia este cenário de baixa”.
Então, não vamos voltar a assistir tão cedo aos valores de junho em que os combustíveis superaram os dois euros por litro? “Com uma recessão à vista em 2023 é muito difícil que os preços regressem aos máximos de junho deste ano, a não ser que a guerra na Ucrânia se agrave significativamente, escalando para além das fronteiras do pais invadido, ou haja um acontecimento imprevisível no próximo ano similar a um cisne negro”, defende o economista Paulo Rosa.
Já Mário Martins diz que não é “de todo expectável que tal venha a ocorrer”.
O analista da XTB recorda que durante o verão o petróleo – tanto Brent como crude – estava a ser negociados nos 100 dólares por barril. “Contudo, tendo em conta a atual conjuntura económica, a probabilidade dos preços voltarem a atingir os 3 dígitos parece ser reduzida”, diz ao nosso jornal, acrescentando que, além disso, “os custos de transporte também continuam a diminuir, à medida que os constrangimentos nas cadeias de distribuição também estão a ser ultrapassados”.