No seu primeiro discurso, o novo Presidente do Brasil, Lula da Silva, comprometeu-se a corrigir a era de “devastação” de Jair Bolsonaro e a assinar rapidamente medidas para mudar a atuação do Estado no desenvolvimento do Brasil.
“Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu, as mais violentas ameaças à liberdade do voto”, afirmou, emocionado, Lula, que depois de ter sido Presidente entre 2003 e 2010, regressa agora ao poder.
A “nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta nação levantou vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício que vamos dirigir todos os nossos esforços”, acrescentou.
Este referiu que iria adotar medidas dos seus dois governos anteriores, retomando a política de valorização permanente do salário mínimo, que acabará com a demora na atribuição de pensões de reforma e explicou que os bancos públicos e as empresas indutoras do crescimento e inovação terão um papel fundamental neste novo ciclo.
“Temos capacitação técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo. O Brasil pode e deve figurar na primeira linha da economia global”, afirmou.
Apesar de nunca ter referido o nome do ex-Presidente Jair Bolsonaro, Lula prometeu que terminou o “pesadelo” de uma “era de escuridão, incerteza e grande sofrimento”.
Contudo, o nome de Bolsonaro continuará a ser assunto de conversa na política brasileira, depois de um importante partido aliado de Lula ter apresentado um recurso para que o Supremo Tribunal Federal (STF) ordene a detenção do ex-Presidente.
O recurso apresentado por membros do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) acusa Bolsonaro de ter encorajado os seus seguidores a realizar atos violentos, nomeadamente bloqueios de estradas e ataques a edifícios e veículos públicos, ao rejeitar a vitória eleitoral de Lula da Silva nas eleições presidenciais.
“Entramos hoje no STF com o pedido de prisão de Bolsonaro. Sem amnistia”, escreveu a principal figura mediática do PSOL, o deputado eleito Guilhermo Boulos, na sua conta de Twitter.