Agricultura, ambiente e as efervescências sem sentido

A agricultura, a nossa produção nacional, é um pressuposto importante das vivências humanas, das dinâmicas comunitárias, da valorização do território e da economia nacional, do mercado interno e das exportações.

Pedro do Carmo, Presidente da Comissão de Agricultura e Pescas

As sociedades atuais, o espaço público e a intervenção cívica são marcadas por alguma ligeireza, efervescência e inconsequência, que leva, muitas das vezes, a que em questões essenciais, de subsistência dos seres vivos, os humanos e os outros, existam radicalismos sem sentido.

Além, de algumas modas proibicionistas, alegadamente associadas a novos estilos de vida, de sentir e de fazer, quantas vezes assentes em preconceitos, ideias erradas e sentidos sem nexo, há um conjunto de tensões, que se radicalizam, sem necessidade, porque é no equilíbrio que está o caminho atual e a capacidade de gerar resiliência futura.

A agricultura, a nossa produção nacional, é um pressuposto importante das vivências humanas, das dinâmicas comunitárias, da valorização do território e da economia nacional, do mercado interno e das exportações.

O Mundo Rural há muito que mantém pontos de equilíbrio entre os seres humanos e o meio ambiente, gerando recursos para o presente, com noção dos futuros que se podem sustentar e construir. Essa sabedoria rural, por regra, assegurou muitas das paisagens, das pastagens e dos terrenos de produção do país, onde existe vida. Não precisou de proibições nem fundamentalismos. Essa relação milenar, assente no conhecimento e no saber fazer transmitido entre gerações, aperfeiçoado pelos avanços científicos, permitiu a produção de sabores únicos, de produtos alimentares de excelência, base importante da nossa gastronomia e de uma diferenciação que singra nos mercados internacionais, pela qualidade.

 

O ambiente sempre este integrado na capacidade produtiva das comunidades rurais, de quem produz com noção dos ritmos, das intensidades e das características do meio ambiente. Na agricultura como na produção animal, o ambiente tem de ser sempre parte da equação e das soluções. É esse o sentido de compromisso de que precisamos, num caso mantendo, noutros onde possam ter ocorrido excessos, na procura de novos pontos de equilíbrio, sempre pensando na sustentabilidade e na necessidade de assegurar respostas a quem está no Mundo Rural, a viver, a trabalhar ou a tentar puxar pelo desenvolvimento de parte do território nacional.

São seculares os pontos de equilíbrio entre a agricultura e o ambiente. Não podem ser os radicalismos populistas ou o pretexto das alterações climáticas, que existem e se manifestam, a introduzirem mais fatores de perturbação e obstáculos a quem produz.

Portugal precisa de quem faça, concretize, com equilíbrio na gestão dos recursos naturais, mas com noção das necessidades humanas, da importância da soberania alimentar e da importância da redução das pegadas ecológicas das cadeias de fornecimentos de bens alimentares.

Por mim, enquanto defensor da capacidade produtiva nacional, estarei sempre na procura de compromisso, de soluções sensatas que conciliam a produção e o ambiente, contra os radicalismos, os extremismos e as modas de última hora de quem não tem noção do que significa viver em Meio Rural, manter uma dialética com o meio envolvente e ter noção dos equilíbrios. É, por isso, importante continuar a gerar novas ferramentas de sustentabilidade, como por exemplo a ligação da Barragem do Roxo à Barragem do Monte da Rocha, porque é bom para as pessoas e para a produção, enquanto se constroem novos compromissos sensatos.

Portugal precisa de quem faz e de quem deixa fazer. A agricultura e o ambiente são faces da mesma moeda, têm de convergir na construção de soluções de valorização da produção alimentar, de renovação dos ecossistemas e da boa utilização dos recursos naturais. A bem das pessoas e do país.