O esquadrão de 14 tanques Challenger 2 que o Reino Unido vai enviar para a Ucrânia abriu as portas a que outros países membros da NATO façam o mesmo, com analistas a apontar que tal acalmará os receios dos aliados mais temerosos de que o regime de Vladimir Putin escalasse as hostilidadesde como retaliação ao envio de armamento mais pesado. Está longe do desejado pelo Governo de Kiev, que pediu pelo menos trezentos tanques e seiscentos veículos blindados no Natal, mas é um primeiro passo. Ainda assim, há dúvidas que tanques do Ocidente cheguem a tempo para encabeçar as contraofensivas que a Ucrânia prometia realizar nos próximos meses. Ou sequer para travar a esperada vaga de novos recrutas russos, que devem chegar à linha da frente na primavera.
Ainda demorará pelo menos três a seis semanas para que tropas ucranianas aprendam a usar os Challenger, estimaram peritos ao Guardian. Mas a chegada de tanques da NATO daria uma outra capacidade de atacar em profundidade às forças da Ucrânia, que têm feito milagres com velhos tanques soviéticos.
O Governo britânico envia tanques às tropas de Kiev, porque isso significa que estas não tentam somente aguentar-se, mas também “tentar expulsar as forças russas do solo ucraniano”, explicou ao Parlamento o ministro da Defesa, Ben Wallace, esta segunda-feira, pedindo aos seus aliados que contribuíssem. Wallace pressionou a Alemanha, mencionando que esperava que o exemplo britânico “permita aos paísses que têm tanques Leopard que doem também”.
Referia-se a um modelo alemão, desenhado para ser superior a qualquer tanque à disposição dos russos. Tendo a vantagem de haver reservas significativas de tanques Leopard na Europa, com a Polónia – que entretanto já assinou contratos para comprar novos tanques americanos e sul-coreanos – e a Finlândia a disponibilizarem-se para oferecer alguns à Ucrânia. Só falta a autorização de Berlim.
Até agora, a NATO só enviara veículos blindados de transporte de infantaria ou, quando muito, tanques soviéticos vindos de aliados que costumavam fazer parte do pacto de Varsóvia, que tinham a vantagem dos militares ucranianos já os saberem conduzir. E o Governo russo – que a NATO estima ter perdido 1600 tanques desde o início da invasão – não gostou nada do envio dos Challenger 2. “Vão arder, como o resto”, ameaçou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.