por Salvador Varges
Todos acompanhamos a comunicação social e vemos que o nosso país e a nossa escola pública têm sido alvo de diversas paralisações na sua atividade.
Como diz no título deste artigo, a educação e os problemas que vêm desta área são problemas intemporais, atrevo-me até a dizer que são problemas estruturais na nossa educação, passando pelo método em si, mas sobretudo pela valorização da escola pública e de quem nela trabalha, que acaba por ser onde os governos tanto do PS ou do PSD têm o seu “purgatório”. Segundo a FNE (Federação Nacional de Educação), Portugal destaca-se pela negativa, em primeiro lugar por mais de metade (54,6%) não frequentou o ensino secundário ou superior (contra os 16,6% da média total da UE), mas para além disso, acho importante salientar a desvalorização da carreira docente, não só pela tutela, mas também pelas novas gerações.
Temos atualmente, em Portugal cerca de 25 mil alunos sem professores, e esta situação só não piora porque o número de diplomados não-profissionalizados que estão a dar aulas aumentou em 60% em relação ao ano passado. Ora, confesso que me faz um pouco de confusão como é que não colocam o ministro João Costa numa sala para perguntar aos alunos quantos deles querem ser professores. Nada melhor do que confrontar os governantes com a realidade dos factos… os professores que temos não se sentem valorizados e não é por acaso que se estima que cerca de 15 mil professores abandonem a profissão ainda este ano. A Educação deve ser acessível a todos, no entanto, deve ser de qualidade. O Ministério da Educação e o seu ministro devem acordar para a realidade e perceber que um país sem educação não avança, não se desenvolve! Um país onde os estudantes, uma vez terminado o ensino secundário, caso possam, optam por ir estudar para fora é um país incapaz de estimular e criar talentos, novos empreendimentos e por consequência desenvolver a sua economia e o seu mercado de trabalho.
Portugal torna-se assim num país atrasado, pobre e decadente porque a sua educação não avança, porque percebemos que ao invés de discutirmos a educação e os problemas que nela subsistem, temos governantes que estão mais preocupados em atirar culpas a quem destruiu primeiro a educação.
Para ser franco, sinto que os verdadeiros problemas na educação tiveram a sua origem quando se começou a trazer a ideologia para o ensino. Não me refiro a polémicas específicas, como é o caso da disciplina de Cidadania que tanto se ouviu falar. Falo nomeadamente quando a luta pela educação e pela escola pública começou a ser associada a X ou Y partido, ou de um determinado espectro político. Honestamente, se a escola pública é para todos, então TODOS devemos fazer parte do debate e do futuro da nossa escola e não importa se somos de direita ou esquerda, pois todos somos válidos no que toca a estratégias para melhorar o nosso coletivo.
Em jeito de conclusão, gostava de pedir aos nossos governantes que se tomem decisões não baseadas na ideologia, mas sim no bom-senso, que nos foquemos no futuro e na melhor forma de o vivermos, senão, os governos e as gerações passarão e teremos sempre o mesmo purgatório…