A cantora norte-americana, Lisa Marie Presley, única filha do Rei do Rock ‘n’ Roll, Elvis Presley, morreu, na passada quinta-feira, dia 12 de janeiro, aos 54 anos, vítima de uma paragem cardiorrespiratória, dois dias depois de ter estado na cerimónia dos Globos de Ouro ao lado de Austin Butler, ator que representa o seu pai no filme Elvis, lançado no ano passado.
Segundo o agente de talentos e amigo de longa data do seu pai, Jerry Schilling, Lisa Marie apresentava-se debilitada neste certame, confessando que esta pediu para se apoiar no seu braço, contou ao Page Six, com outros fãs a relatarem que a autora de discos como To Whom It May Concern (2003) ou Now What (2005) parecia «frágil» e falava de uma forma mais lenta que o habitual.
«É com o coração pesado que partilho a notícia devastadora que a minha linda filha, Lisa Marie, deixou-nos», escreveu a sua mãe, Priscilla Presley, através de um comunicado. «Ela era a mulher mais apaixonada, forte e amorosa que já conheci. Pedimos privacidade enquanto tentamos lidar com essa perda profunda. Obrigado pelo amor e orações. Neste momento não haverá mais comentários».
Lisa Marie nasceu no dia 1 de fevereiro de 1968, em Memphis, no estado de Tennessee, 9 meses depois do casamento de seus pais.
A sua infância (assim como o resto da sua vida) foi marcada pela presença dos tabloides, fruto da enorme popularidade do seu pai. A primeira fotografia registada de Lisa Marie foi tirada poucas semanas após ter nascido, com a sua mãe a carregá-la ao colo, num hospital em Memphis, acompanhada por Elvis.
Esta viveu até aos cinco anos em Graceland, na enorme e icónica mansão do seu pai (que herdou após a sua morte), mas, ainda criança, mudou-se com a mãe para Los Angeles após o divórcio de Priscilla e Elvis.
No entanto, Lisa Marie visitava o seu pai, em Memphis, regularmente. E Elvis tentava oferecer tudo o que podia à sua filha, tendo, inclusive, numa ocasião, enviado um jato privado para a transportar para Idaho para que ela pudesse ver neve pela primeira vez. Lisa ficou a brincar durante uma hora antes de regressar.
Lisa Marie tinha 9 anos e estava presente na mansão quando Elvis Presley foi encontrado sem vida. Lisa acabou por ser uma das herdeiras da fortuna do pai, juntamente com o avô, Vernon Presley, e a sua bisavó, Minnie Mae Hood Presley.
Esta não foi a única tragédia que marcou a sua infância. Pouco tempo depois da morte de Elvis, Priscilla viria a casar-se com o ator Michael Edwards, que abusou sexualmente de Lisa Marie, revelou a própria numa entrevista à Playboy, em 2003.
Nos anos após a morte de Elvis, a vida de Lisa Marie foi algo conturbada. Acabaria por abandonar a escola que frequentava (exclusiva para raparigas), ingressando num estilo de vida repleto de drogas e festas. Um ano depois de ter deixado os estudos de parte, tal como a sua mãe, ingressou numa igreja de Cientologia de forma a colocar um travão no seu estilo de vida agitado.
Pouco tempo depois, Lisa Marie conheceu o músico Danny Keough e, em 1988, casaram-se. Este foi o primeiro dos seus quatro casamentos e, apesar do divórcio, oficializado em 1994, continuaram amigos próximos. Danny vivia na casa de hóspedes da sua ex-mulher e, segundo o site TMZ, este socorreu Lisa Marie quando a encontrou morta.
Deste casamento nasceram dois filhos, a atriz Riley Keough – que participou em filmes como Mad Max: A Estrada da Morte (2015), Zola (2020) e O Mistério de Silver Lake (2018) –, e Benjamin Keough, que se suicidou em 2020. Esta confessou viver uma «realidade horrível» desde a morte do seu filho.
Vinte dias depois do seu primeiro divórcio, Lisa Marie celebrava o seu segundo casamento, com Michael Jackson, que a conheceu quando esta tinha apenas 7 anos. Estes estavam casados quando começaram a surgir as alegações de que o cantor tinha molestado diversas crianças, mas Lisa Marie sempre o apoiou neste processo.
O casal viria a divorciar-se em 1996, segundo ambos, devido às «diferenças irreconciliáveis» dentro do relacionamento.
No seu 25º aniversário, Lisa Marie tornou-se a única herdeira e passou a ser a proprietária do Elvis Presley Trust, onde estava incluída uma empresa comercial e uma fundação de caridade, criadas por Priscilla, em nome de Elvis, que chegou a estar avaliada em cerca de 100 milhões de dólares.
Com esta fortuna, Lisa Marie tornou-se uma influente filantropa, apoiando causas como a Elvis Presley Charitable Foundation, que oferecia dinheiro e serviços à comunidade.
Apesar da grande sombra familiar que pairava sobre Lisa Marie, esta tentou a sua sorte no mundo da música lançando três discos e diversos singles e colaborações. No seu trabalho, era normal explorar a sua vida debaixo dos holofotes e as complicações associadas ao facto de ver praticamente toda a sua vida exposta na comunicação social.
«Eu percorri muitos corredores escuros da minha vida neste álbum», disse numa entrevista ao Los Angeles Times, em 2003, ano em que lançou o seu disco de estreia, To Whom It May Concern. «Queria que as pessoas soubessem quem sou com base na minha música, não no que liam nos tabloides».
A cantora foi ainda casada com o ator Nicolas Cage, entre 2002 e 2003, e o guitarrista Michael Lockwood, entre 2006 e 2021.
«Esta é uma notícia devastadora», confessou Cage, citado pelo The Hollywood Reporter. «A Lisa tinha a melhor gargalhada que já conheci. Iluminava cada sala onde entrava e eu estou de coração partido. Encontro algum consolo ao acreditar que ela se reencontrou com o filho, Benjamin», disse.
Lisa Marie deixa a sua mãe Priscilla e três filhas, Riley, Harper e Finley, estas últimas do seu quarto casamento, com Lockwood.