Por Francisca De Magalhães Barros, Pintora
Afinal o que é ser raptado? O que é estar em cativeiro? Ser uma criança vulnerável, e ficar apenas com contacto com o nosso raptor e a mãe deste que já não compreende o que se está a passar?
O que é termos em casa, uma criança referenciada, extremamente frágil, que não quer frequentar a escola devido a factos que não sabemos, e que procura na internet desde os 14 anos, refúgio e amparo, tornando-se uma presa fácil, para pedófilos, tarados e todo o tipo de animais que se possa imaginar, que estão à procura de uma fragilidade, de um ponto fraco, para começarem apenas a conversar com as suas presas. Sabemos agora que neste rapto, o ministério público demorou seis meses para obter autorização para localizar o telemóvel da jovem Luana, quando sabemos que as primeiras 48 horas após um rapto são cruciais para se obter a localização de qualquer criança raptada.
«De acordo com a PJ, Luana foi mantida em cativeiro ‘a coberto de uma suposta relação amorosa’ que, acredita a investigação, durava desde que esta tinha 14 anos. A jovem passava os dias fechada num quarto sem luz, de auscultadores e a jogar consola. O homem de 48 anos é suspeito de se aproveitar de forma ‘persistente e recorrente da dependência de jogo online da vítima, imaturidade e personalidade frágil’» de Luana – citando o jornal Observador. Ou seja, gostaria de saber, depois desta explicação pela polícia judiciária, qual foi mais uma vez o pressuposto para libertar um raptor à mercê de futuras e possíveis vítimas? Já sabemos que não existe qualquer grau punitivo para os juizes de acordo com as suas ações, como observamos no caso do serial killer, que matou uma senhora e foi posto em liberdade para depois matar mais duas. Crianças, tão frágeis que me parece crer que querem fazer delas adultas, que decidem de forma cabal o seu futuro, como se fossem aptas e mesmo que o fossem como se as mesmas não tivessem problemas e fragilidades. Neste caso temos agora uma criança que se iniciou neste processo com 14 anos e um raptor predatório que foi à caça com 45. Neste caso, um raptor que me parece ser extremamente perigoso, visto procurar o grau de fragilidade de crianças indefesas, e onde a diferença enorme de idades visto ter 45 anos quando começou a ‘procura’, e a jovem 14 anos quando o ‘conheceu’. Alguém me diz o que o impede de ter acesso a outros computadores, mesmo que o dele tenha sido apreendido, de ir a um café ou bibliotecas que possuam computadores sem rastreio de quem lá esteve?
Alguém me quer explicar, porque é que este indivíduo não está preso, mas sim neste momento à procura da próxima vítima, que pode ser a filha de qualquer um de nós?
Vamos esperar por mais um erro, mais uma trapalhada judicial, mais uma falha tão grande, como a perda da vida de uma criança ou a sua destruição, para todos lamentarmos e ninguém ser responsabilizado?
Podem os raptores a raptar as nossas crianças sem consequências?