Há cada vez mais crimes com armas brancas

Todos os dias são noticiados crimes com recurso a armas brancas. A GNR e a PSP confirmam o aumento deste tipo de crimes.

Os crimes com recurso a armas brancas estão a aumentar exponencialmente, sendo um problema particularmente grave em Lisboa e no Porto, cidades em que grupos de jovens – muitas vezes com idades inferiores a 18 anos – realizam assaltos com este tipo de armas. Nomeadamente, com lâminas (denominadas na gíria como ‘de ponta e mola’) e bastões extensíveis. Esta preocupação é transmitida ao Nascer do SOL por fonte da PSP, que está certa de que este cenário estará espelhado no próximo Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), relativo a 2022.
No ano passado, a propósito da divulgação deste documento, mas referente a 2021, o Governo salientava que «o principal facto a registar é ter-se verificado no ano de 2021 a manutenção em níveis historicamente baixos da criminalidade participada, incluindo a criminalidade violenta e grave». Não obstante, já se observava que «o fenómeno da criminalidade grupal tem apresentado maior incidência nas áreas metropolitanas, em especial nas Zonas Urbanas Sensíveis», sendo que se caracteriza «maioritariamente por grupos de jovens com vasto historial criminoso centrado essencialmente na prática de roubo, furto, ofensa à integridade física e ameaça, durante o período noturno». 
Há um ano, já se sabia que «em termos de características gerais podemos inferir a existência de homogeneidade, designadamente a idade compreendida entre os 15 e 25 anos, a existência de uma multiplicidade de fatores, de lealdade ou de associação, seja através da identificação do grupo (gangue) como bairro, grupo musical (geralmente hip-hop ou drill) ou mesmo o meio escolar frequentado». Era também salientada a importância «das redes sociais na replicação desta subcultura, nomeadamente pelos membros e seguidores, potenciando a subsequente mediatização em órgãos de comunicação social».
E torna-se inevitável referir que estes crimes são cada vez mais noticiados na comunicação social. A título de exemplo, na terça-feira, só no Correio da Manhã foram publicadas três notícias sobre esta tipologia de crime:Empresário morto à facada ao tentar travar rixa, Espancado e golpeado na rua e Detida pela PJ depois de matar homem à facada. No mesmo dia, o Jornal de Notícias veiculava um artigo cujo título era Mulher esfaqueada por ex-companheiro em frente ao filho. Qualquer lebantamento noticioso das últimas semanas permitirá concluir que estes não são casos isolados. 
E os dados que a GNR disponibilizou ao Nascer do SOL comprovam-no. Em 2021, foram registados 455 crimes com recurso a estas armas, enquanto em 2022 este número subiu para 529. Quanto ao número de detidos por crimes cometidos com estas armas, há dois anos foram 83 e no ano passado 80. Relativamente às armas apreendidas, contamos com 624 em 2021 e 896 em 2022. 
Já a PSP, em 2022, registou 2006 denúncias por crimes cometidos com recurso a arma branca. «Destes, os crimes com maior expressão são o roubo a pessoas na via pública (exceto o método por esticão), ofensas corporais simples, ameaça e coação e situações de violência doméstica», explicam fontes desta força de segurança ao Nascer do SOL, adiantando que «no mês de janeiro de 2023 foram registadas 186 denúncias por crimes cometidos com recurso a arma branca, valor superior à média mensal de denúncias registadas no ano transato». A PSP ressalva que estes dados ainda são provisórios.
Por outro lado, em 2022 igualmente, foram detidos 357 suspeitos de cometerem este tipo de crimes, tendo ainda sido apreendidas 281 armas brancas. «No mês de janeiro de 2023 já foram detidos 56 suspeitos e apreendidas 33 armas brancas. O n.º de detenções é quase o dobro da média mensal registada no ano transato, o que pode não refletir necessariamente o aumento da criminalidade cometida com recurso a armas brancas, mas sim o aumento da proatividade policial e a preocupação contínua no combate à criminalidade associada a armas», observa a PSP, afirmando que «também o número de armas apreendidas em janeiro foi superior à média mensal de 2022». «Estes números mostram a tendência crescente, mas estão muito longe da realidade», explica um militar da GNR em declarações ao Nascer do SOL. «Acho que nem duplicando ou triplicando esses valores chegaríamos aos reais», sunlinhou a mesma fonte.
«Está na altura de as autoridades fazerem um levantamento ainda mais exaustivo dos crimes que ocorrem e, acima de tudo, do RASI ter cada vez mais informações acerca da criminalidade em grupo. Principalmente, naquilo que diz respeito à delinquência juvenil», frisa. «Será que alguma vez teremos os números exatos? Provavelmente não, porque isso é quase impossível mas, pelo menos, que tenhamos os números mais próximos daquilo que se verifica».