A Comissão Independente criada pela Conferência Episcopal, anunciou uma estimativa de cerca 4800 abusos no seio da igreja católica. É um relatório baseado no testemunho direto de cerca de 512 denúncias diretas. Ao mesmo tempo que isto se torna público, com testemunhos abjetos uns atrás dos outros por parte das vítimas, dá-se o escândalo dos gastos para a Jornada Mundial da Juventude. Jornada essa, composta por padres, monitores de todos os cantos do mundo de onde sabemos também os escandalosos números de abusos sexuais dentro de eventos católicos e da Igreja. Portanto, estamos a patrocinar um evento de onde estão incluídos obviamente pedófilos a passear por entre centenas de crianças. Sejam eles monitores ou padres. Estão mesmo a tratar este evento (as jornadas mundiais da juventude) ou a igreja católica e esta comissão como se isto fosse ficar por aqui? Como um triste evento isolado, de onde um bispo vem pedir ‘perdão’?
Mas qual perdão?
Acham mesmo que neste momento uma criança não foi aliciada ontem, está a sê-lo hoje e não irá sê-lo amanhã? A hipocrisia disto tudo é mesmo essa. É que a Igreja Católica irá continuar a manter as suas práticas, quando o silêncio se instalar, e onde as pessoas não passam da apatia para a ação dos atos e continuam a agarrar-se nos seus maus momentos ‘aos homens de fé’, sejam eles assassinos, sejam eles violadores, sejam eles pedófilos. E portanto, isto será apenas mais um escândalo da nossa sociedade, que passará tão rápido como os pingos da chuva, tão rápido quando o líder supremo da igreja católica puser os pés em solo português e todos estiverem ansiosos num estado ironicamente laico, para lhe apertar a mão.
Somos nós também culpados da falta de coragem das nossas atitudes. Da continuação das nossas práticas. E da nossa permanente apatia, perante o pior crime da humanidade.
Nunca na vida hei de pôr os meus pés numa igreja e da minha parte nunca vão ter o meu perdão. Não existe perdão para quem comete este tipo de crimes e pior para quem continuará a comete-los.
Deixo-vos com este testemunho de uma das vítimas obtido pela comissão : «Estiveste bem, Deus está orgulhoso de ti. Gostaste, ele perguntava. Eu não sabia o que responder. Se me sentia melhor. Que Deus me amava mais do que qualquer uma ali no colégio. Dizia que eu era especial».
Nem com 1000 anos de perdão, nem com qualquer tipo de conversa ou tipo de manipulação e é com orgulho que digo: Ao contrário do que os católicos dizem nem Deus vos perdoará!