Por João Maurício Brás
Robin DiAngelo e Ibram X. Kendi são os autores que mais livros vendem sobre o racismo nos EUA. Kendi explica-nos que o racismo se forma até aos três meses de idade e em atos como o da professora que chama um aluno branco ao quadro e não um negro. Robin DiAngelo declara que se somos brancos, então somos racistas e sempre seremos, a não ser que nos esforcemos diariamente para inverter essa nossa condição genética e ontológica. Desde que nascemos que fazemos parte do privilégio branco. Os milhões de pobres e sem abrigos brancos não contam para estas estatísticas, pois só servem para estragar a teoria que é doutrina oficial em muitos cursos e departamentos universitários e ganhou corpo de lei no Ocidente.
Quando um branco diz que não é racista está sempre a assumir o seu racismo. Há o racismo invisível e o racismo sistémico e estrutural, ou seja o branco não tem como escapar de tal destino. Espera-o uma vida de arrependimento ou opróbrio.
Um branco não assumir o racista que é, demonstra para DiAngelo a sua fragilidade, a dificuldade de assumirem os seus defeitos. Só há, portanto, dois tipos de pessoas, os racistas que são os maus, e os não racistas que são os bons.
Este pensamento manicomial no Ocidente, particularmente nos EUA está já normalizado. Instituindo a loucura oficial, a CEO e a editora chefe da National Geographic assinam os seus textos escrevendo: «Declaração racial: branca, privilegiada, com muito para aprender».
Mas o que é o racismo para aqueles que usam e vivem do racismo?
Recordemos que o Ocidente fez um percurso fundamental para que a cor da pele deixasse de ser fator de discriminação. Luther King enunciara essa verdade fundamental, que se julguem as pessoas pelo caráter e não pela cor da pele. Ora, para o antirracismo que vive de espicaçar o racismo, King é racista, como diz um dos gurus das seitas norte-americanas das teorias críticas da raça, Eduardo Bonilla-Silva, pois ser cego em relação à cor em questões raciais é ser racista.
Estas teorias do antirracismo racista pós-moderno assentam em irracionalidade, fundamentalismo cego e ideologia vingativa. Vejamos: O racista discrimina negativamente o outro pela cor da pele. O que é então aquele que discrimina o branco por ser branco?
É errado fazer generalizações sobre chineses e negros, indianos. E se eu afirmar que todos os brancos são racistas?
Atribuir características negativas a negros e amarelos e castanhos é racismo, atribuir essas características a brancos será o quê?
A fórmula encontrada por estes aldrabões que vivem de atear o ódio e fazer ressurgir o que lutas fundamentais colocaram no devido lugar, é simples. Há dogmas inquestionáveis, temos de os aceitar senão somos racistas.
O branco é racista, a sociedade é racista. O branco que nega que é racista é racista, e os brancos que se afirmam racistas também são racistas. Os negros que não condenam o Ocidente nem consideram que todos os brancos são racistas ou que a sociedade é racista, são ‘capitães do mato’ ou colaboracionistas. A partir daqui pode-se então conversar sobre o racismo. Presos na armadilha, só nos resta pedir desculpa e remontar até ao racista original, Adão.
Esta gente está nas universidades, nos jornais, nos ativismos, na política e curiosamente a maior parte deles nem são negros. Para essa gente nada há de mais racista que lutar por uma sociedade pós-racial. É a sua profissão.