Tom Petty – Full Moon Fever
1989
Produzido por Jeff Lynne, Tom Petty e Mike Campbell
por Telmo Marques
Após uma intensa digressão com os seus "Heartbreakers", Tom Petty, e à imagem do que fazia Bruce Springsteen com a sua "E Street Band", decide pela primeira vez lançar um álbum a solo, após mais de 13 anos com a sua banda.
Dizer que este é um álbum totalmente a solo, é uma completa distorção da realidade, pois só o baterista dos Heartbreakers (Stan Lynch) não participou na gravação do mesmo.
Foi igualmente o álbum que lançou verdadeiramente Tom Petty para a estratosfera, pois apenas nos EUA vendeu 5.000.000 de cópias, mais que qualquer álbum dos Heartbreakers até então.
Um álbum com uma produção de Jeff Lynne, dos Electric Light Orchestra, que sempre teve uma fixação enorme pelos Beatles, bastando atentar aos álbuns da sua banda, com camadas de instrumentalização, nomeadamente piano, guitarra, sintetizadores e imensas vozes de apoio, que conferem a este álbum um som mais límpido e cristalino, algo diferente de todo e qualquer reportório de Petty com Heartbreakers.
Com quatro singles lançados no mercado, e que quatro canções essas, este álbum termina os '80s para Petty com um sinal mais, e muito mais viria ainda na década posterior.
Todo o lado A do álbum é composto de êxitos instantâneos, como "Free Fallin', "Runnin' Down A Dream", "A Face In The Crowd" e o meu preferido de Tom Petty até então, "I Won't Back Down", deixando-vos aqui com um trecho da letra, e o quanto significou para um miúdo de 12 anos de Campo-Valongo, tão distante dessa realidade, mas que a absorvia em toda a sua essência, qual esponja…
"Well, I won't back down
No I won't back down
You could stand me up at the gates of Hell
But I won't back down
No I'll stand my ground
Won't be turned around
And I'll keep this world from draggin' me down
Gonna stand my ground
And I won't back down
Hey baby
There ain't no easy way out (I won't back down)
Hey I will stand my ground
And I won't back down"
O lado B, apesar de não contar com os êxitos do A, é também de uma consistência significativa, bastando referir apenas temas como "Yer So Bad" ou "Feel A Whole Lot Better", talvez o tema em que a produção de Jeff Lynne mais sobressai, com o seu arranjo "beatlenesco", com as tais camadas de guitarras acústicas e vocais de apoio, tornando-a numa versão completamente diferente do original, escrita por Gene Clark dos The Byrds.
Não sendo totalmente consensual, nem mesmo para mim, pois vai mudando consoante o espírito, considero este o melhor trabalho de sempre de Tom Petty, artista que infelizmente nunca tive o privilégio de assistir ao vivo…!!!
Um álbum que, e ao contrário de imensos da década de '80 envelheceu bem, o mesmo não se podendo dizer de incontáveis outros, que rapidamente passaram de Moët Chandon à pior zurrapa que se encontra em qualquer loja de conveniência.
Até para a semana