Não é aceitável que durante 6 anos, Ana Gomes, António Costa e Catarina Martins tenham difamado dois partidos e um ex governante, sabendo da falsidade das suspeições que lançaram para a opinião pública. Sem ética, a política não serve de exemplo, particularmente exigível a quem desempenha os cargos de maior relevo.
Durante 6 anos, a antiga eurodeputada e os atuais primeiro-ministro e coordenadora do BE, garantiram que o ex secretário de Estado Paulo Núncio e o governo PSD/CDS tinham sido responsáveis pela ocultação da saída de 10 mil milhões de euros para offshores, no que ficou conhecido como o caso do ‘apagão fiscal’. Em sessão plenária na Assembleia da República, Catarina Martins disse que «o Governo anterior deixou sair pela porta do cavalo 10 mil milhões», ironizando que «Paulo Núncio disse que não sabia de nada». Por seu lado, reforçando o disparate, António Costa considerou que «é de facto absolutamente escandaloso que um governo tenha tido a incapacidade de verificar o que é que aconteceu com 10 mil milhões de euros que fugiram do país».
Acontece que, escandalosa mesmo, foi a encenação ridícula de quem assim se pronunciou, achando que o bom nome de terceiros pode ser sacrificado com premeditação consciente, a troco da expectativa de uns tantos votos.
Antes de se permitir arremedos inquisitoriais sobre os outros, António Costa poderia recordar que apoiou sempre e sem reservas à frente do partido e para primeiro-ministro, quem foi acusado de 31 crimes pelo Ministério Público e de se ter apropriado ilegitimamente de pelo menos 30 milhões de euros, sem qualquer tomada de posição relevante a propósito.
Por seu lado, o relatório da Inspeção Geral de Finanças, que há 6 anos já concluíra que «a Autoridade Tributária não processara correctamente cerca de 21 mil operações de envio de fundos para offshores. estando em causa anomalias tecnológicas, sem que tivesse havido qualquer acção premeditada ou negligente da autoridade tributária ou do próprio governo, nunca poderia ter sido desvalorizado».
Conscientes destas conclusões, governantes ou protagonistas partidários responsáveis, tratariam de refletir sobre a gravidade do que estava em causa, recuando nas imputações. Pelo contrário, Ana Gomes, António Costa e Catarina Martins, persistiram no que sabiam errado.
Há dias, foi a vez do Ministério Público reproduzir o juízo absolutório da Inspeção Geral de Finanças, recordando outro dado fundamental; afinal, não saíram pela porta do cavalo, nem fugiram do país 10 mil milhões de euros, porque ao Estado foi pago tudo quanto era devido.
Noutro país que valorizasse a responsabilidade política, Ana Gomes, António Costa e Catarina Martins, pediriam desculpas a Paulo Núncio, ao CDS e ao PSD. Em Portugal, infelizmente, assobiam para o ar e com isso, transformam o apagão fiscal, que quiseram pecado nos outros, num apagão moral próprio, que só os define.