Uma profecia que se realiza…

E porque tenho medo de escrever estas palavras? Porque já tenho medo de tudo… A avaliar pelas suspensões que estão a acontecer, se alguém não gostar desta crónica – que serão alguns, ou muitos – podem sempre mandar um email para o site www.darvozaosilencio.org e digitar geral@darvozaosilencio.org que na próxima segunda-feira serei chamado ao Patriarcado…

 

Há um mês, quando ouvi a apresentação do Relatório sobre Abusos Sexuais na Igreja, não tive dúvidas em dizer o que renovo agora: depois de toda a confiança que os bispos colocaram na alegada Comissão Independente, não haveria outra solução que não fosse mandar os padres da lista todos embora. Os que ficarem, recairá sobre eles tal suspeição que será impossível, até ao final da sua vida, retirar-lhes este acontecimento de cima dos ombros.

Esta profecia que eu fiz nesta minha crónica foi imensamente criticada, mas veio a realizar-se. De facto, da lista dos 92 nomes, 39 já foram afastados por morte (devem estar às portas do inferno), outros tantos ninguém sabe quem são, e restam, pelos vistos uma dúzia de padres que, depois dos 200 mil euros que a Conferência Episcopal pagou, estão agora a pagar com a sua própria vida as denúncias anónimas.

Esta semana foram suspensos quatro padres em Lisboa. Apenas tenho conhecimento, neste momento, de um caso e os outros quatro não sei quem são. Este padre foi suspenso por causa de uma denúncia anónima. Parece incrível, mas eu já tinha referido há algum tempo: esta suposta Comissão Independente apenas se reuniu com 34 pessoas – 23 raparigas e 11 rapazes. Isto é a pura da verdade… depois reuniram-se também com pessoas que souberam de casos indiretos. Mesmo tendo cruzado dados com a parte dos Arquivos Diocesanos não há prova de que sejam verdadeiros no Relatório, como se veio a comprovar esta semana.

O referido Relatório de Estudo, de repente, transformou-se num objeto de tortura para os bispos. Eu diria: Bem feito! Os bispos disseram tanto bem da Comissão, que parecia estar ao lado dos bispos, como uma espécie de assessoria para resolver este suposto problema da Igreja em Portugal, que de repente estão a ver que eram lobos com pele de cordeiros. Eles não assessoraram os bispos em nada, apenas estão a fingir estar do lado das vítimas, porque na realidade, apenas estiveram com 34 vítimas, como referi acima. E já deu para fazerem uma Associação de Extorsão de dinheiro – que é o que importa.

Eu, por mim, devo-vos dizer uma coisa… depois de ter ouvido o Dr. Daniel Sampaio estou cheio de medo ao escrever esta crónica. A Igreja encomendou a uma Comissão Independente um estudo sobre a Igreja Católica, que terminou as suas funções a 13 de fevereiro de 2023, mas a suposta Comissão Independente veio agora dizer que deixou o seu email ativo para continuar a receber denúncias…

E porque tenho medo de escrever estas palavras? Porque já tenho medo de tudo… A avaliar pelas suspensões que estão a acontecer, se alguém não gostar desta crónica – que serão alguns, ou muitos – podem sempre mandar um email para o site www.darvozaosilencio.org e digitar geral@darvozaosilencio.org que na próxima segunda-feira serei chamado ao Patriarcado e que me irão suspender porque houve uma denúncia anónima para a Comissão Independente.

 

Se há um mês eu não tinha dúvidas de que os padres da lista de pedófilos no ativo (que afinal não era) teriam de ser afastados, hoje não tenho a menor dúvida de que quem mandou fazer este relatório sem negociar o mínimo se deveria demitir – isto é, D. José Ornelas e aqueles que não previram a armadilha que nos estava preparada.

 

Penso que estamos na altura em que os bispos se calem um pouco, para pedir aos leigos que se associem, conforme as competências de cada um, para ajudar a gerir este problema do ponto de vista da comunicação, do ponto de vista jurídico e do ponto de vista moral. Já vimos que se não for o povo a proteger os seus padres, que os bispos já não nos podem proteger, mesmo que estejamos inocentes. Se houver grupos de advogados, psicólogos, psiquiatras e outros profissionais que possam ajudar a desvendar este enigma em que estamos metidos, podem-me contactar.