Cinco anos depois de terem assinado a sua parceria, a estrela da pop, Beyoncé, anunciou que iria terminar a sua ligação com a Adidas devido ao baixo número de vendas da linha de roupa Ivy Park. O fim desta colaboração acontece meses depois de também o rapper Kanye West ter sido afastado da marca alemã, algo que representou um prejuízo astronómico.
Apesar da ‘separação’ Beyoncé-Adidas ter resultado de um acordo mútuo, esta aconteceu devido às diferenças criativas entre a equipa responsável pela Ivy Park e a marca desportiva. Segundo o The Hollywood Reporter, a cantora revelou estar satisfeita por conseguir «recuperar a sua marca, traçar o seu próprio caminho e manter a liberdade criativa».
A linha de roupa Ivy Park foi lançada em 2016, em parceria com Sir Philip Green, dono da marca de roupa Topshop. O_negócio estava dividido irmãmente (50% para Beyoncé e 50% para a Topshop), um regime que se manteve até 2018, quando a cantora adquiriu a propriedade total da Ivy Park.
Nesse mesmo ano, a americana estabeleceu esta parceria com a Adidas, onde relançou a linha de roupa desportiva e desenvolveu ainda novos calçados e roupas para a marca alemã.
A Adidas descreveu esta colaboração como «uma parceria para toda a vida», tendo estreado a sua primeira coleção em abril de 2019, que foi marcada por uma campanha publicitária que envolveu celebridades como Missy Elliott, Cardi B, Kendall Jenner, Angela Bassett, Ciara, Reese Witherspoon e Hailey Bieber.
A cantora, que fez história ao tornar-se na artista mais galardoada da história dos Grammys, em janeiro do presente ano lançou a sua mais recente colaboração com a Adidas, ‘Park Trail’, no Dubai, onde realizou um concerto privado, o primeiro em quatro anos.
Contudo, apesar de todo este esforço publicitário, a linha de roupa Ivy Park não correspondeu às expectativas da Adidas, que esperavam que esta fosse render tanto como a marca Yeezy de Kanye West. «Em vez de produzir as centenas de milhões de receita que a Adidas esperava, os lançamentos de Ivy Park venderam muito menos, com cerca de metade das mercadorias a continuarem nas prateleiras», escreve a Billboard.
Segundo o Wall Street Journal, existiram diferenças significativas em relação à estratégia adotada entre a Adidas e a Ivy Park no que toca ao marketing, com a multinacional alemã a pressionar pela sua própria marca.
«No final de 2022, previa-se que Ivy Park atingiria 40 milhões de dólares (37 milhões de euros) em vendas, uma descida dos 93 milhões de dólares (cerca de 86 mil milhões de euros) do ano anterior. Apesar da Adidas estar preparada para perder pelo menos 10 milhões de dólares (cerca de 9 milhões de euros) em 2022, a Beyoncé deveria ganhar a mesma quantia em compensação dos anos anteriores: 20 milhões de dólares», explica o meio de comunicação.
Especialistas afirmaram que a razão para o falhanço desta marca deve-se ao facto da maior parte dos produtos serem roupa de desporto, algo que é muito pouco associado à imagem de Beyoncé e que raramente vimos a cantora a utilizar.
Até ao momento, nem a artista, que vai começar uma tour mundial em maio – que não irá passar em Portugal -, nem a Adidas comentaram o fim desta colaboração.
O afastamento polémico de ‘Ye’
O fim da colaboração da Adidas com Kanye West – hoje conhecido por Ye – não aconteceu de uma forma tão pacifica. Em setembro do ano passado, o rapper de Atlanta revelou, numa entrevista com a Bloomberg, que pretendia abandonar as parcerias que mantinha com a Adidas e a Gap. A decisão surgiu após ter feito diversos ataques na sua conta de Instagram onde acusava as duas marcas de roubarem os seus designs para criarem peças de roupa.
West enviou uma mensagem privada a diversos meios de comunicação descrevendo como a Adidas, que anualmente pagava 220 milhões de dólares ao rapper, se está a aproveitar da sua marca e imagem sem a sua aprovação.
«A Adidas criou a ideia do Yeezy day sem a minha aprovação», afirmou num comunicado. «Eles trouxeram de volta estilos mais antigos sem a minha aprovação, escolheram cores e nomearam-nas sem a minha aprovação, contrataram pessoas que trabalharam para mim sem a minha aprovação, roubaram o meu estilo e abordagens a materiais sem a minha aprovação, contrataram um gestor da Yeezy sem a minha aprovação e levaram talento do meu lado de produção e espalharam-nos pelos originais da Adidas sem a minha aprovação», pode ler-se.
Esta conturbada relação entre o artista e a marca chegaria também ao fim depois de Ye ter feito uma série de comentários antissemitas, entre os quais afirmou: «Eu gosto de Hitler».
Segundo o jornalista de negócios e investidor, Rex Woodbury, a marca alemã deverá perder cerca de 1,3 mil milhões de dólares só por causa de Kanye West, escreveu no Twitter. E acrescentou ainda que Beyoncé representou um prejuízo de cerca de 200 milhões de dólares para a Adidas em 2022, quando estes pensavam que iriam conseguir lucrar mais de 250 milhões.