Verstappen ameaça deixar a F1

Muito ao seu estilo, Max Verstappen mandou um recado fortíssimo para o paddock sobre as corridas sprint que, em sua opinião, não fazem parte do ADN da Fórmula 1. Palavra de campeão.

por João Sena

«Isto não serve para mim e assim não ficarei por muito tempo», foi desta forma que Max Verstappen deixou o paddock em suspenso logo que terminou o Grande Prémio da Austrália, no que pode ser visto como uma resposta ao CEO da Fórmula 1, Stefano Domenicali. 

O campeão do mundo voltou à carga contra as corridas sprint e criticou a Liberty,  promotor da Fórmula 1, por apostar nesse tipo de corridas e reduzir os treinos livres. O número de corridas sprint aumentou este ano de três para seis e foram introduzidas algumas alterações, o que mereceu o seguinte comentário de Verstappen: «Não sou fã desse tipo de corridas. Mesmo que se altere o formato, não acho que façam parte do ADN da Fórmula 1. Deve-se extrair o máximo dos carros numa longa e boa corrida de domingo, e não compreendo porque devemos mudar isso». O piloto da Red Bull considerou que «já estamos a fazer muitas corridas. O fim de semana torna-se ainda mais intenso. Caminhamos para temporadas com 24 ou 25 corridas e se começarem a acrescentar mais coisas, não vale a pena para mim. Não gosto disso, não é a forma certa de fazer as coisas», disse Verstappen, que foi mais  longe ao afirmar: «Não ficarei por aqui por muito tempo se a Fórmula 1 continuar a acrescentar corridas sprint e outras sessões de qualificação aos fins de semana. Entendo que queiram tornar o programa mais emocionante, mas talvez fosse melhor reduzir o fim de semana, correr apenas no sábado e no domingo e tornar esses dias entusiasmantes».

Para o bicampeão mundial uma corrida sprint é «uma prova de sobrevivência. Prefiro não correr riscos e garantir que tenho carro para a corrida de domingo», afirmou Verstappen, sempre focado no que é mais importante para chegar ao título. As contas são fáceis de fazer, a vitória do grande prémio vale 25 pontos, o triunfo na corrida sprint vale apenas oito pontos, é natural que os pilotos arrisquem muito mais na prova principal. Além disso, se um piloto estiver a lutar por um lugar secundário e tiver uma saída de pista ou um toque e cair para a última posição já sabe que no domingo vai ter uma corrida muito dura e dificilmente conseguirá pontuar.

O piloto sugeriu aos responsáveis da Fórmula 1 que se concentrassem em melhorar a qualidade da competição  em vez de mudar o formato dos grandes prémios. «Era importante para a Fórmula 1 ter mais pilotos a lutar pelo título mundial e  seis ou sete equipas a lutar pela vitória em cada corrida. Seria uma loucura», disse.

Aguarda-se com expectativa a reação dos restantes pilotos sobre o assunto, mas sabe-se que há quem tenha uma posição contrária à de Max Verstappen e seja favorável às corridas sprint.