Por Nuno Melo
Alguma vez se arrependeu? Para a pergunta tantas vezes feita durante um ano à frente do CDS-PP, a resposta óbvia: nem por sombras.
Que à partida as circunstâncias eram difíceis – como se mantêm em larga medida –, é uma evidência. Em janeiro de 2022 o CDS-PP perdeu o grupo parlamentar, a exposição mediática e o essencial dos recursos financeiros, três instrumentos decisivos para fazer política. Mas o CDS-PP mantém-se um bem maior da democracia portuguesa que ajudou a fundar, com grande expressão nas autarquias, nas regiões autónomas e no Parlamento Europeu, com estruturas consolidadas em todo o território nacional. Quando os problemas existem, temos duas opções: enfrentá-los ou baixar os braços. Felizmente, no CDS-PP, não há genericamente dúvidas quanto à opção. O partido está mobilizado como poucas vezes antes e a confiança em relação a melhores dias é forte. O CDS-PP aprendeu com os erros e adaptou-se à nova realidade. Fala para fora, não se desperdiça em ajustes de contas, modernizou-se, melhorou a comunicação e o enorme esforço, que é de tantos, tem sido notável.
Foram criados grupos de quadros qualificados em todas as principais áreas setoriais, enquadrados num gabinete estratégico liderado por Miguel Morais Leitão, que ajudam na identificação de problemas e na elaboração de medidas e soluções. Iniciou-se o processo de atualização das bases programáticas do partido, sob responsabilidade de António Lobo Xavier. Reativou-se a organização dos Autarcas Populares – um dos principais ativos do partido, que conta com perto de 1500 representantes –, e lançaram-se as Conversas do Caldas, espaços de debate e reflexão sobre temas da política nacional.
Apesar da perda do grupo parlamentar, o CDS-PP tem assegurado parte relevante da liderança da discussão política, imitado nas propostas por outros, na Assembleia da República e no governo. Em dois exemplos, foi o CDS-PP que primeiro lançou a ideia de compensação do aumento dos preços dos combustíveis, com a redução do ISP e do IVA zero nos bens alimentares essenciais, para auxílio às famílias com os rendimentos comprimidos, particularmente as mais desfavorecidas e para controle da inflação.
O CDS-PP não está temporariamente na Assembleia da República, mas não foi substituído por qualquer outro partido. Há um espaço vazio à direita do PSD, que o CDS-PP voltará a ocupar. O CDS -PP não é um partido de protesto e de um homem apenas, sem grandes ideias para Portugal; para isso está lá o Chega. Também não é um partido de centro-esquerda, que se traduz numa ideia dogmática de mercado, mas igual ao BE em toda a agenda social e de costumes; para isso está lá a IL. O CDS-PP é o único partido democrata-cristão, fiel perfeito entre o mercado e as preocupações sociais, que coloca as pessoas no centro da ação política, aberto a correntes conservadoras e liberais.
O CDS-PP conjuga também quadros altamente qualificados que o país conhece pelo nome, com a renovação indispensável, feita a pensar no futuro. Na Comissão Diretiva – exemplo mais próximo –, estão pessoas com grande experiência parlamentar, governativa, e/ou reconhecimento público, como Telmo Correia, Paulo Núncio, Álvaro Castello-Branco, Isabel Galriça Neto, João Varandas Fernandes, Pedro Morais Soares, Ana Clara Birrento, Rui Barreto, ou Durval Tiago Ferreira. Mas a par, estão expressões de talento e renovação com provas dadas, como Diogo Moura, Francisco Kreye, Maria Luísa Aldim, Catarina Araújo, Raquel Paradela Faustino, Duarte Nuno Correia, António Marinho, ou Mário Araújo e Silva, Esta também a lógica aplicada em todos os outros órgãos do CDS-PP, onde poderiam estar muitos outros dos valores com que o partido conta, do Conselho Nacional, à Jurisdição Nacional, passando pela Fiscalização, presididos pelo Pedro Mota Soares, António José Baptista e Pedro Moutinho, respetivamente.
Se 2022 foi um tempo de resistência, 2023, acredito, trará um ciclo de crescimento. Um partido assim ainda terá uma longa vida pela frente, com muitos serviços prestados a Portugal.