Por João Cerqueira
No filme de Steven Spielberg Relatório Minoritário há três criaturas prescientes mergulhadas num tanque de água morna que preveem os crimes antes de eles acontecerem. Parece ficção científica, mas não é. Em Portugal há pessoas com idênticas capacidades de antevisão do futuro que conseguem resolver os crimes antes da polícia terminar as investigações. Um destes prescientes é o jornalista Carlos Vaz Marques que, a propósito do homicídio de duas mulheres por um afegão explicado devido a um surto psicótico, declarou no Twitter «caso encerrado». Estando decerto dentro de um jacuzzi quando se pronunciou, o nosso presciente não conseguiu impedir o crime, mas, pelo menos, encerrou o caso.
Vejamos, há três tipos de crimes: os crimes de ódio, os crimes devido a surtos psicóticos e os crimes onde o assassino é afinal a vítima.
Os crimes de ódio só podem ser praticados por brancos heterossexuais que não sejam islâmicos e defendam ideias de extrema-direita. Estas pessoas são extremamente lúcidas e sabem muito bem o que fazem. Aliás, há estudos científicos que provam existir um gene que impede as pessoas de extrema-direita de terem surtos psicóticos. Hitler era um bom exemplo de equilíbrio emocional e temperança, que aliás manteve até aos últimos dias no bunker. Já Estaline sofria regularmente de surtos psicóticos, tendo o mais grave deles o levado a matar à fome milhões de ucranianos. Em Portugal, os ataques à propriedade privada, aos empreendedores e ao sucesso individual podem também ser enquadrados nesse tipo de surtos psicóticos de que a Esquerda tanto padece. Tal como a caspa, estes delírios entram-lhes na cabeça e não há champô que os remova. Podemos assim concluir que Erasmo de Roterdão, depois de ter escrito O Elogio da Loucura, poderia muito bem ter escrito uma sequela chamada O Manifesto Comunista. Ou, então, que uma lobotomia no jovem Karl Marx teria evitado muitas desgraças à Humanidade.
Outras grandes vítimas de surtos psicóticos são as minorias étnicas e sexuais.
Quando em 2008 na Quinta da Fonte se viram imagens de ciganos armados nas ruas a disparar contra negros entrincheirados nos seus apartamentos, ou quando em 2020 Winston Rodrigues foi linchado por um grupo da mesma etnia, esses crimes não foram motivos pelo ódio, mas sim por surtos psicóticos coletivos. E os primeiros sintomas desses surtos são andar com facas e caçadeiras. Como já explicaram vários especialistas, o racismo é uma característica exclusiva dos brancos cristãos, sendo a coabitação entre as outras etnias e religiões pacífica, fraternal e deleitosa – desde que não apareça lá nenhum branco – como no Jardim das Delícias de Bosch. A violência entre hindus e muçulmanos na Índia, os massacres de cristãos em África ou o genocídio de Tutsis no Ruanda são outros exemplos de que estas pessoas não possuem o tal gene que os imuniza contra surtos psicóticos. É por isso mesmo que o comediante Jel, por ter criado no programa Vai Tudo Abaixo o personagem cigano Ludgero que vende armas, droga, produtos de contrafação, e ainda odeia negros, deveria ser julgado por incitamento ao ódio racial.
As minorias sexuais também são muito dadas a psicoses assassinas, além de serem simultaneamente vítimas.
Audrey Hale, a assassina que recentemente matou sete pessoas numa escola cristã no Tennessee, três das quais crianças, usava pronomes masculinos para se referir a si própria. Seria, portanto, um transgénero. Esta questão depressa se tornou mais importante do que a morte das crianças e dos adultos, tendo por um lado a CBS proibido os seus jornalistas de referir a identidade de género da assassina, e por outro o New York Times pedido desculpa por ter confundido essa identidade sexual. Isto faz sentido porque crianças morrem todos os dias, mas transgéneros a matar pessoas é algo raro. Além do mais, dado o meio onde estavam a ser educadas, quem sabe se aquelas meninas e o menino mortos não se iriam tornar em especuladores financeiros, suprematistas brancos ou perseguidores de transgéneros? Assim, farta de sofrer preconceitos por verdadeiros assassinos da sua identidade sexual, Audrey Hale decidiu cortar o mal pela raiz. Não respeitar a sua opção sexual, isso sim, seria uma verdadeira tragédia.
Em suma, podemos concluir que se toda a Humanidade fosse de extrema-direita, branca e cristã, os psiquiatras desapareciam; se fosse de extrema-esquerda e de outras etnias e religiões, não haveria asilo suficiente para tantos psicóticos; e se fossemos todos transgéneros, as palavras assassino e vítima significariam a mesma coisa. Porém, a bem do rigor científico, o melhor é darmos duas marretadas na cabeça de alguém, por exemplo na sogra, e depois logo se vê como nos classificam.