Lula e a retórica de esquerda

A prudência dos diplomatas recomendou um distanciamento das questões que dividem os EUA e a União Europeia da China e Rússia, considerando o Brasil ter boas relações com todos e estar muito distante dos acontecimentos. 

Por Aristóteles Drummond

A viagem à China de Lula inaugura uma fase mais nítida no novo alinhamento da diplomacia brasileira ao eixo Moscou-Pequim, com claro viés antiamericano conforme seus discursos na viagem. A prudência dos diplomatas recomendou um distanciamento das questões que dividem os EUA e a União Europeia da China e Rússia, considerando o Brasil ter boas relações com todos e estar muito distante dos acontecimentos. Mas Lula voltou para este terceiro mandato com seu esquerdismo-populista mais evidente. Acusa o Departamento de Justiça dos EUA de inspirar a operação Lava-Jato para destruir as grandes empresas de Engenharia do Brasil e pelo envolvimento em casos de corrupção não poderem concorrer em obras nos EUA ou que sejam financiadas pelo Banco Mundial ou BID. 

 Repete que a ação do juiz Sergio Moro, hoje senador, foi uma farsa e que não houve corrupção o envolvendo e a seu partido. Ignora os julgamentos em três colegiados distintos e as confissões com devolução de centenas de milhões euros de empresas e funcionários públicos. Antes da viagem, Lula deixou de assinar a nota sobre a guerra na Ucrânia proposta pelos EUA, Holanda e Coreia do Sul, assinada por uma centena de países. E seu assessor internacional, embaixador Celso Amorim, que foi seu ministro do exterior, esteve em visita discreta a Moscou sem motivo divulgado. Não bastasse, foi semana passada ao ponto de substituir o nome da Princesa Izabel em medalha referente a Direitos Humanos por um abolicionista negro, Luiz Gama. Uma atitude que briga com todas as sondagens que apontam a Princesa como «a mais querida das brasileiras».

Na economia quer intervir nos juros cobrados pelos cartões de crédito nos parcelamentos. 

 

VARIEDADES 

• Os pedidos de recuperação judicial de empresas devem aumentar este ano mais de 50% em relação ao ano passado. Alegria dos advogados e dos administradores judiciais. Preocupação dos bancos e fornecedores. Algumas empresas estão pedindo maior prazo para a apresentação de seus balanços, cuja data limite é 30 de abril para divulgação ao mercado.

• O Supremo Tribunal resolveu terminar com a prisão especial para os que possuem diploma de curso superior no Brasil. Considerando o perfil da população carcerária, estimada em mais de 700 mil pessoas, pode gerar problemas graves a ocupação do mesmo espaço. O perfil é diferente dos prisioneiros americanos ou europeus.

• Nelson Piquet, o controvertido piloto de Fórmula 1 e ex-campeão mundial, foi condenado a pagar uma indenização ao campeão Lewis Hamilton por racismo e homofobia. No passado, Piquet também esteve envolvido em declarações grosseiras e preconceituosas contra Ayrton Senna, que era uma unanimidade em termos de elegância e correção. Piquet cede seu avião particular para as viagens internas de Jair. 

• O Governo deu prioridade para a Indústria farmacêutica suprir o país de fármacos, hoje muito dependente da Índia e China. 

• A hotelaria e a restauração apresentaram movimento e faturamento superior na semana santa a dos anos anteriores à pandemia. São Paulo investiu no turismo gastronómico, de compras e criou programação de história e arte que fez aumentar o movimento. Mas o Rio e Salvador continuam a liderar o turismo da alegria. O litoral baiano, região de Porto Seguro e Ilhéus, com italianos e portugueses investindo no imobiliário, proporcionando o turismo fidelizado, ainda modesto no Brasil. 

• Lula enfrenta ‘fogo amigo’ da esquerda ligada a ambientalistas e movimentos indígenas. São projetos importantes vetados por estes grupos, como a exploração do petróleo na foz do Rio Amazonas, a estrada que liga Manaus a Porto Velho, que fica intransitável na época de chuvas e não querem que seja pavimentada e os linhões de transmissão de energia que atravessam áreas indígenas. Pressionam o governo também opara contratar mais de dois mil novos funcionários para estas áreas. Não é pouca coisa.

Rio de Janeiro, abril de 2023