Steely Dan – Can’t Buy a Thrill

O álbum está muito bem construído, quer ao nível dos arranjos musicais quer ao nível das letras e melodias, abrangendo toda uma diversa palete musical, que vai do jazz ao rock, do pop ao rumba, etc…

Donald Fagen – teclas e vocais
Walter Becker – guitarra, guitarra baixo e vocais
Jeff "Skunk" Baxter – guitarra
Denny Dias – guitarra
Jim Hodder – bateria e vocais
David Palmer – vocais e vocais de apoio
Elliott Randall – guitarra
etc…

produzido por Gary Katz
 

por Telmo Marques

Mais uma vez, escrevo neste vosso espaço sobre um álbum debutante, lançado em 1972 nos EUA e em 1973 no resto do mundo,

Sendo uma banda a que cheguei já nos meus vinte e tais anos, não teve um enorme impacto nem relevância exacerbada nos meus gostos musicais. Contudo, este 1º álbum é de um requinte tremendo.

Uma vez, folheando um jornal ou revista qualquer, deparo-me com uma entrevista do Rui Veloso, dada não sei já a quem, em que lhe é perguntado qual o seu álbum preferido de todos os tempos, ao que ele responde que era o "The Nightfly", do Donald Fagen.

Não sei se no próprio dia ou uns dias depois, comprei-o na Fnac do Norte Shopping, e não me tendo deixado completamente siderado, também não me deixou totalmente indiferente, pois está muito bem conseguido, apesar de conter aquela produção característica dos anos '80.

Assim sendo, resolvi igualmente comprar alguma da discografia dos Steely Dan, até ao Gaucho de 1980, um álbum que ouvi seguramente dezenas e dezenas de vezes.

Contudo, foi com "Can't Buy a Thrill" que os Steely Dan me conquistaram por completo. Uma banda que a nível de produção, não almeja nada mais nada menos que não a perfeição, por mais aborrecido que possa ou aparente ser, take após take.

O álbum está muito bem construído, quer ao nível dos arranjos musicais quer ao nível das letras e melodias, abrangendo toda uma diversa palete musical, que vai do jazz ao rock, do pop ao rumba, etc…

Abrindo com "Do It Again", uma música que demonstra toda a versatilidade da banda e de todos os seus "hired guns", é até aos dias de hoje, um dos temas mais conhecidos e reconhecidos da banda, contendo igualmente uma letra fenomenal, escrita em parceria entre Fagen e Becker.

"Dirty Work" é aqui cantada pelo outro vocalista da banda, David Palmer, que felizmente, foi prontamente corrido, pois a partir do momento em que Donald Fagen começa a sentir-se à vontade com a sua própria voz, fazia pouco ou nenhum sentido integrar mais um vocalista no já extenso ensamble.

Apesar de tudo, é um dos temas que mais aprecio no respectivo álbum, devido principalmente ao seu arranjo e respectiva letra. Sempre me soou a algo Eaglenesco, se é que me faço entender, e como sou igualmente um fã dos Eagles, principalmente na fase pretérita a Hotel California, poderão retirar daí as vossas próprias conclusões.

Agora, e a título estritamente pessoal, o tema que mais me marcou em todo o álbum, foi o "Reelin' in the Years", que conta com um solo de guitarra completamente do outro mundo, executado de uma forma magistral por Elliott Randall, e que tem uma batida fabulosa, tornando este tema talvez no maior "staple" da banda.

"Your everlasting summer and you can see it fading fast

So you grab a piece of something that you think is gonna last
Well, you wouldn't even know a diamond if you held it in your hand
The things you think are precious I can't understand

Are you reelin' in the years?
Stowin' away the time
Are you gatherin' up the tears?
Have you had enough of mine
Are you reelin' in the years?
Stowin' away the time
Are you gatherin' up the tears?
Have you had enough of mine"

Mais um brilhante álbum, de uma banda que não mais voltará a ser a mesma, dada a morte de um dos seus fundadores, Walter Becker, em 2017.

p.s. caso se perguntem do porquê de a banda se chamar Steely Dan, leiam o "Naked Lunch" do William S. Burroughs.

Até para a semana