O assédio é um caso que pretendemos resolver!

Os violadores e os assediadores ainda se encontram numa vantajosa posição de poder, pelas suas ligações, cargos, posições, que os impedem de cair  a todos como um baralho de cartas.

Mais um ‘escândalo’ irrompe na nossa sociedade, com mais um assédio, ao qual eu chamaria muito mais que um assédio. Todas as mulheres já ouviram as chamadas ‘grosserias de conteúdo sexual ofensivo’, estando na hora de autonomizar o crime de assédio sexual porque o tipo legal de importunação sexual é claramente insuficiente. Com a desculpa de ‘Hoje em dia estão todas ‘naturáveis’, com teorias feministas’, que já se tornou num clichê. Cabe que nas casas e nas escolas o feminismo seja ensinado e o assédio sexual lhes seja dito que é crime. Afinal qual é concretamente a definição de assédio ou assediador? O ‘tipo’ que a pretexto de me comprar um quadro me convida para jantar? Ou é um assediador um indivíduo que empurra uma mulher para cima de uma sofá e se mete em cima dela contra a sua vontade, tocando-lhe e prendendo-a naquele local? Não sei, se chamaria a isso assédio. Não sou penalista. No entanto, os violadores e os assediadores ainda se encontram numa vantajosa posição de poder e porquê? Pelas suas ligações, cargos, posições, que os impedem de cair a todos como um baralho de cartas. Afinal, porque é que certos indivíduos não querem mudar a lei? Tornar o assédio sexual e a violação, crime público? Chego à conclusão que afinal, os crimes dão muito mais jeito da forma como estão tipificados. Com o pretexto da ‘revitimização’ da vítima, não incomodamos o violador nem o assediador. E o problema é que existem muitos. Esta tese de não autonomizar como tipos penais comportamentos de elevada censura social é baseada em ideias anacrónicas que desconsideram a mulher e permitem que dependa de queixa o crime de violação que é o crime sexual que mais evidência a descriminação sexista! Diz-se e muito bem que todos somos inocentes até prova em contrário, mas que isso não faça nunca recuar as bravas mulheres que se têm manifestado contra a cadeia de eventos de abusos, violações e assédios nas suas faculdades e outros estabelecimentos. Não elas não são aproveitadoras, histéricas ou manipuladoras ou malucas, ou todos os outros adjetivos que queiram usar para as desacreditar, elas apenas deram início ao choque em cadeia que espera que os assediadores e violadores comecem a cair do topo da montanha, como de uma árvore de fruto, onde aquelas maçãs que estão podres vão para o lixo mas neste caso, e se e porque, os violadores e assediadores num estado de direito em perfeitas condições vão diretamente para a cadeia.

O feminismo é da escola pública e privada e tem de começar a ser ensinado. O feminismo não é de Abril mas de todos os meses do ano. As hierarquias são formadas em casa, na escola e no mercado do trabalho. Tenho a dizer que é altura dos homens começarem a procurar aprender que assobio não é um cumprimento e o que o assédio sexual é crime! A verdade e que este caso veio mostrar é que não é sobre um, é sobre todos! Enganem-se os que pensam que estamos a falar no escândalo que arrefece passado um tempo. Nós estamos a falar da sociedade inteira! A luta é de nós todas!