Foi o pintor favorito da aristocracia e da realeza espanhola, que retratou sem piedade; muito antes de Picasso, que o veneraria, fez desenhos de corridas de touros; testemunhou e denunciou as atrocidades cometidas pelas tropas de Napoleão nas Guerras Peninsulares; aos 80 anos, continuava a criar e fez um autorretrato seu apoiado em duas bengalas e com uma longa barba:‘Aun aprendo’, intitulou-o – ‘Continuo a aprender’. Falamos de Francisco de Goya e Lucientes (1746-1828), um dos mais influentes artistas europeus de finais do século XVIII e início do XIX, autor de pinturas célebres como OEnterro da Sardinha (1812), O Três de Maio em Madrid (1814), onde mostrou o fuzilamento à queima-roupa dos revoltosos espanhóis pelos invasores franceses em 1808, ou Saturno Devorando os seus Filhos (1819); mas também exímio gravador.
Ambas estas facetas se encontram representadas na exposição Goya, Testemunho do seu Tempo, patente até 9 de julho no Centro Cultural de Cascais.
A mostra reúne uma dezena de pinturas, com destaque para a série de seis telas ‘Jogos Infantis’, produzidas entre 1775 e 1786, com a marca satírica e grotesca que caracteriza a obra de Goya.
Em Crianças no Baloiço, nota o comunicado da Fundação D. Luís I, «o pintor retrata algumas crianças vestidas com uniformes escolares impecáveis, que contrastam com as roupas esfarrapadas que outras crianças da mesma idade envergam».
A mostra conta ainda com Baile de Máscaras (c. 1808-1820) e o estudo para O Dois de Maio de 1808 ou A Carga dos Mamelucos (1814), uma das suas obras-primas do Prado, que faz pendant com OTrês de Maio.
Há ainda quatro série de gravuras para ver: Caprichos, Tauromaquia, Desastres e Provérbios. A entrada custa cinco euros, sendo no entanto gratuita no primeiro domingo do mês.