por Miguel Dós
Entre a alienação e a desresponsabilização, Portugal parece, na sua generalidade, vivo mas latente. Julgo que apesar de haverem muitos motivos para o fazer, é cada vez menos frequente a intervenção e co-construção da comunidade pelos meus concidadãos.
Existem diversas razões que levam a uma menor adesão a estas iniciativas sociais. Há quem alegue falta de tempo, por trabalhar longas horas ou ter responsabilidades familiares limitadoras; ou por outro lado, há quem refira a falta de motivação para se envolver no processo de mudança, precisamente por não a ver. Isso leva a uma crescente apatia social e a uma maior abstenção, no que concerne ao projeto comunitário.
No entanto, a participação é extremamente importante e pode ter um impacto significativo na sociedade. Por exemplo, estudos demonstram que pessoas que se envolvem ativamente em causas comunitárias tendem a sentir-se mais realizadas nas suas vidas, por sentirem que lutam por um maior bem-estar geral. Além disso, a participação política é fundamental para garantir que as necessidades e os interesses de todos os cidadãos sejam representados através do Governo por eles eleito.
Em particular, os jovens são um grupo de extrema importância no que respeita a este tema, e os estudos publicados demonstram isso mesmo. É mais provável que os jovens que participam em projetos sociais concluam o ensino secundário e ingressem na universidade. Adicionalmente, tendem a ter uma visão mais tolerante do mundo e são mais comprometidos com questões sociais.
Contudo, ainda há muito a ser feito para incentivar a participação dos jovens nesta construção de uma sociedade mais justa e competitiva. Uma das medidas que poderia ser adotada é a criação de programas que responsabilizem e deleguem nos principais interessados a preservação, gestão e desenvolvimento das construções sociais e projetos dos quais beneficiam. Ninguém melhor do que o jardineiro para preservar o seu jardim.
Outra medida interessante de implementar seria a criação de incentivos fiscais para empresas que contribuam e intervenham localmente em determinados projetos sociais e comunitários. Desta forma, não só o leque de causas a apoiar seria mais extenso, como atrairia mais jovens para esses movimentos.
Por fim, é fundamental relembrar que a participação social não deve ser vista como algo isolado, mas sim como parte de um processo de colaboração e sinergia. Quando diferentes indivíduos e organizações trabalham juntos, é possível alcançar resultados muito mais expressivos do que quando cada um trabalha de forma individual. Só assim poderemos construir um futuro mais justo e competitivo para todos.