Depois dos efeitos devastadores do sismo de 6 de fevereiro na Turquia, este desastre pode "funcionar como um gatilho de mudança" que "leva o povo a questionar o presente e o futuro" do país.
"A tragédia fez questionar tudo, provocou a contestação da capacidade de resposta das autoridades, da corrupção e da debilidade estrutural da construção e do ordenamento das cidades. Tudo isto foi posto em xeque com o sismo", afirmou a deputada portuguesa, Isabel Meirelles, que integrará uma equipa de observação do Conselho da Europa nas eleições legislativas e presidenciais turcas, que decorrem em 14 de maio, à Lusa.
A social-democrata descreveu como as "feridas ainda não estão saradas" na Turquia, após o desastre que fez mais de 50 mil mortes, deixou mais de dois milhões de desalojados, cidades inteiras arrasadas, comunidades sem casas, e famílias inteiras desfeitas, fazendo um paralelismo com que aconteceu em Lisboa com o terramoto de 1755, referindo que criou "uma onda de descontentamento" contra "a aristocracia e o 'statu quo'", em que "até Deus foi questionado".
"O nosso terramoto teve um impacto na cultura iluminista europeia. À escala euroasiática, o sismo de 06 de fevereiro pode ter repercussões nas eleições internas turcas, e certamente vai ter implicações quanto ao futuro geopolítico da Turquia", analisou.
"O nosso terramoto teve um impacto na cultura iluminista europeia. À escala euroasiática, o sismo de 06 de fevereiro pode ter repercussões nas eleições internas turcas, e certamente vai ter implicações quanto ao futuro geopolítico da Turquia", analisou.
As eleições presidenciais e legislativas na Turquia vão acontecer no 14 de maio e serão decisivas para a manutenção, ou não, do Presidente Recep Tayip Erdogan e do seu partido AKP, que se encontra no poder há duas décadas, mas não será fácil devido à oposição, formada por uma frente unida de seis partidos que tem um único candidato à Presidência, Kemal Kiliçdaroglu, apoiado pelo partido esquerdista e pró-curdo HDP.