Por João Maurício Brás
O Ocidente acabou, quem fala de valores, da grande cultura Ocidental e dos seus pilares faz inevitavelmente parte de uma espécie de últimos representantes de um tempo.
O melhor exemplo do fim do Ocidente é o fim do predomínio do Cristianismo e até mesmo o fim do Cristianismo. O Ocidente foi moldado pelo Cristianismo, síntese de Atenas e de Roma. Quando o Cristianismo estiver totalmente destruído, terminou o Ocidente, será outra coisa. Está é uma tese defendida por gente como Michel Houellebecq e tem raízes bem antigas. Nietzsche anteviu este tempo embora o relate de um modo metafórico e confuso. O futuro próximo será escrito no Ocidente pelo Islamismo e também pelo transhumanismo, embora o primeiro seja derrotado e o último acabe por triunfar (alguns autores consideram que o Islamismo poderá deter o transhumanismo, mas é uma ilusão)… O transhumanismo é o corolário do hiperliberalismo que tem principalmente a sua sede nos EUA e na China. A substituição progressiva dos humanos por seres melhorados e mais fiáveis, até à sua substituição por máquinas e também o abandono do planeta, que está em curso acelerado.
A versão californiana high-tech progressista, a especialização de uma ditadura tecnológica liberal no qual o modelo chinês é já uma concretização possível mas ainda tosca, comandam essa revolução. Recordar só o que está sediado na Califórnia, Google, um importante centro de pesquisa da NASA, LinkedIn, Mozilla Foundation, Symantec, Shockey, Intuit, Tesla, Netflix, Facebook, Instagram, WhatsApp,Twitter, Airbnb, Skype, SanDisk, a Hewlett-Packard – HP, PARC, IDEO, Skype, VMware, Oracle, Adobe, Cisco, Intel, Yahoo, Ingdan, Uber, Pinterest, Udemy, Twitter, Lucas Film, Salesforce, Zendesk, Slack, Dropbox e por exemplo a célebre Draper University.
A ligação de todas as mentes a uma máquina universal já é de certo modo real, a internet, a colocação de chips na mente, os desenvolvimentos na A.I., o projeto Neuralink e as viagens da Spacex são dos primeiros capítulos da nossa saída para fora do humano. A nova civilização será transhumana, basta pouco mais de uma centena de anos…
No Ocidente, nesse espaço, nas próximas décadas assistiremos à destruição total dos vestígios da nossa civilização, primeiro com o projeto de liquidação do nosso modo de ser, às mãos do modelo económico global do liberalismo e da transformação dos humanos em consumidores planetários idiotas e da substituição dos valores por sátiras grotescas típicas do progressismo. Haverá durante algum tempo uma nova sociedade sobre essas ruínas, o triunfo do islamismo através da demografia e com alterações importantes a nível societal, mas o desenvolvimento tecnocientífico é imparável.
Estas mutações devem-se principalmente a uma operação liberal decisiva que se iniciou com o início da modernidade e a ascensão do liberalismo. Essa operação remeteu as conceções de vida boa e da ética para a esfera privada de cada um. A ideia iluminista da fundamentação do comportamento na racionalidade falhou, não há fundamentação na subjetividade. Atualmente a liberalização da eutanásia, a ideia da indeterminação sexual, da hibridação, resultado do fim da ética, etc.. são apenas os primeiros capítulos da criação de clones humanos e quimeras, fusão de humanos com animais e implantes no cérebro humano, que já existem de modo experimental e secreto.