Mourinho com mau perder

O Sevilha venceu a Roma e conquistou a Liga Europa pela sétima vez. Num jogo equilibrado, foram os penáltis que acabaram com a invencibilidade de José Mourinho na Europa.

por João Sena

É verdadeiramente notável o percurso do Sevilha na Liga Europa, a segunda prova de clubes mais importante no contexto europeu, com sete vitórias em outras tantas participações. O clube andaluz está para esta competição como o Real Madrid está para a Liga dos Campeões, que já venceu por 14 vezes. Com este triunfo, o Sevilha salvou a época, garantiu um na próxima edição da Liga dos Campeões e amealhou  mais quatro milhões de euros.

Foi uma longa final, o jogo durou 150 minutos!, onde a Roma foi mais forte na primeira parte e justificou a vantagem ao intervalo com o golo de Dybala. O segundo tempo foi diferente, com o Sevilha a jogar mais e melhor em resultado das  substituições efetuadas por Mendilibar. Contudo, foi preciso um autogolo de Mancini para empatar a partida. O defesa teve um dia para esquecer, pois viria ainda a falhar um dos penálti na fase do tudo ou nada. As duas equipas desperdiçaram as oportunidades que tiveram para marcar no prolongamento e a final foi decidida nas grandes penalidades, onde o Sevilha venceu (4-1). Montiel marcou o penálti decisivo, tinha acontecido o mesmo na final do Mundial do Qatar, quando a Argentina derrotou a França nas grandes penalidades. É o jogador certo para momentos especiais. O triunfo do Sevilha teve outro rosto que foi o guarda-redes marroquino Bounou, um verdadeiro especialista como demonstrou no jogo  frente à Espanha, no Mundial de 2022, ao defender três penáltis dos espanhóis. Foi a terceira vez que o Sevilha venceu a competição na marcação de grandes penalidades, em 2014 bateu o Benfica (4-2) na final de Turim.

A estrela europeia de José Mourinho apagou-se à sexta final. O treinador português nunca tinha sentido o peso da derrota, e  teve alguma dificuldade em aceitar o resultado. «Sempre disse que ou saíamos com a taça ou morríamos. Estamos mortos. O resultado foi injusto», afirmou no final do jogo, referindo ainda que «o Sevilha é uma grande equipa, tem um plantel melhor do que o nosso e maior experiência». Mourinho não ficou por aqui e ‘disparou’ contra o árbitro Anthony  Taylor, um dos mais categorizados da Premier League que «parecia ser espanhol. Uma arbitragem destas numa final europeia não faz sentido, há várias decisões discutíveis». Se os seus jogadores tivessem sido mais competentes a marcar as grandes penalidades este discurso, por certo, não existiria. Não contente com isso,  esperou pela equipa de arbitragem no parque de estacionamento do estádio e voltou à carga num linguajar impróprio «és uma desgraça, não têm p*** de vergonha» e «espero que apite jogos da Liga dos Campeões e faça lá as mesmas m***** que fez esta noite e não na Liga Europa». Mourinho igual a Mourinho. Já antes tinha surpreendido por ir receber a medalha sem a sua equipa para depois a entregar a um jovem adepto da que estava na bancada: «Guardo as medalhas de ouro, as de prata não quero, sempre as ofereci», explicou.