Um projeto de lei que limita demarcações das terras dos povos originais pode abrir caminho a um genocídio, alertam líderes indígenas.
Face a este projeto, aprovado pelos deputados brasileiros, o povo indígena exige o veto do Presidente Lula da Silva caso este também seja passado no Senado.
"A aprovação deste projeto de lei ameaça os nossos direitos. Todos nós, povos indígenas do Brasil, não o aceitamos", explicou o cacique Raoni, de 90 anos, numa entrevista à agência AFP, em Paris.
"Isso é genocídio aprovado pela Câmara dos Deputados. Isso tira-nos o direito de viver, acaba com o futuro de nossas crianças, povos indígenas e florestas", confessa o líder do movimento de mulheres indígenas do Xingu, Watatakalu Yawalapiti.
A Câmara dos Deputados do Brasil, dominada pelo Partido Liberal do ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro, aprovou, esta terça-feira, um projeto de lei que limita a demarcação de terras indígenas.
Este é considerado um revés para o Presidente brasileiro, que tinha relançado a política de proteção aos povos indígenas e à Amazónia.
Esse texto estabelece que os indígenas só têm direito às terras que ocupavam à época da promulgação da Constituição de 1988.
Segundo o líder do movimento de mulheres indígenas do Xingu, o objetivo deste projeto de lei, apoiado principalmente por deputados ligados ao agronegócios, é "permitir maior desflorestamento, autorizar a construção de ferrovias, maiores plantações de soja" e "produzir mais carne".