A cruente guerra de Putin

O que me pergunto hoje é muitos simples, mas que poderá ter uma resposta muitíssimo complexa: não estaremos nós hoje a assistir a algo semelhante ao que assistiram os nossos antepassados enquanto os judeus eram dizimados nas câmaras de gás?

Há muito que sigo dois temas, para mim, muito importantes: a pedofilia na Igreja Católica e a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Estes dois acontecimentos têm um tema em comum: a ‘injustiça’. Por um lado, a injustiça das crianças abusadas por membros da Igreja Católica e, ao mesmo tempo, a injustiça dos padres inocentes (mais de 99 por cento) que sofrem às mãos da sociedade que quer humilhar a Igreja. Por outro lado, a injustiça de um país ‘supostamente’ poderoso – Rússia – contra um país irmão infinitamente mais humilde – Ucrânia. Para termos uma noção da dimensão territorial, só a Rússia tem onze fusos horários diferentes. Penso que será o maior país do mundo.

Sobre o Estudo da Pedofilia na Igreja Católica gostaria de me reservar para escrever mais tarde, quanto tiver mais dados. Gostaria agora de me referir a esta guerra cruel e sangrenta levada a cabo contra a Ucrânia. Há um ano eu não compreendia porque é que a comunidade internacional continuava a olhar para um genocídio desta dimensão sem fazer grande coisa. Hoje percebo que, como no passado, se houvesse um país que entrasse diretamente nesta guerra, em três tempos despoletaríamos ao início de uma Nova Guerra Mundial.

Hoje, admiro a prudência com que a comunidade internacional está a gerir este genocídio que está a ser levado a cabo por parte da Rússia contra a Ucrânia. Esta semana pensei no que aconteceu nos campos de exterminação Nazis. A comunidade internacional assistiu, durante anos, ao extermínio do povo judeu sem nada fazer.

O que me pergunto hoje é muitos simples, mas que poderá ter uma resposta muitíssimo complexa: não estaremos nós hoje a assistir a algo semelhante ao que assistiram os nossos antepassados enquanto os judeus eram dizimados nas câmaras de gás?

Esta questão é muitíssimo importante, porque, olhando para trás, perguntamo-nos, hoje, como é que foi possível as organizações internacionais e toda a comunidade política não agirem de forma mais eficaz em favor do povo judeu. Muitos questionam-se como é que o Papa Pio XII não arriscou mais na defesa da comunidade judaica. Talvez hoje tenhamos a resposta!

Assistimos, hoje, a um horror que ultrapassa tudo o que é razoável, vendo-nos impotentes de agir para terminar de uma vez por todas com esta guerra sangrenta de Putin. O que está a acontecer deveria ser inaceitável para todos os povos da terra. Chegar ao ponto de derrubar as barragens é absolutamente inaceitável.

É verdade que estamos diante de um dilema: ou entramos de cabeça para ajudar a Ucrânia a sair desta situação deplorável e, então, podemos arrastar connosco outros países, ou continuamos a asfixiar a economia e as relações exteriores de forma a isolar a Rússia até que ceda no campo de batalha.

A única coisa que tenho algum receio é que dentro de dez ou vinte anos os historiadores digam que nós não fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para travar um novo genocídio. Chamo genocídio porque as ações levadas a cabo pela Rússia estão além de tudo o que possamos imaginar como razoável.

Não compreendo a posição do Brasil, não compreendo a posição da China, da Venezuela e da Nicarágua, mas também não consigo compreender as posições dos comunistas ou do Bloco de Esquerda nestas matérias e são todos iguais no que toca às suas posições sobre a guerra: querem a paz – aliás como acontece com a Ucrânia ou a Rússia.

Se as Nações Unidas não mudarem num futuro próximo, corremos o risco de estar a deitar o nosso dinheiro ao lixo quando subsidiamos esta organização. Quando se pode aceitar que a Rússia presida ao Conselho de Segurança com direito de veto quando leva a cabo uma tamanha injustiça mundial, penso que teremos de rever as estruturas desta organização internacional criada para evitar estas situações em que nos encontramos.