A economia portuguesa vai crescer 2,7% este ano, 2,4% no próximo e 2,3% em 2025, “um desempenho robusto, dando continuidade à convergência com a área do euro, com as exportações a crescerem mais do que a procura externa”. Estas são as mais recentes previsões do boletim económico do Banco de Portugal, que revê assim em alta as previsões de março que apontavam para um crescimento de 1,8%. Crescimento em 2024 e 2025 também foi revisto em alta.
No que diz respeito à inflação, vai reduzir-se de 5,2% este ano, para 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025, próximo do objetivo do Banco Central Europeu, “refletindo a redução das pressões inflacionistas externas e a maior restritividade da política monetária”, justifica o Banco de Portugal.
No mercado de trabalho, projeta-se um crescimento do emprego de 0,6%, em média anual, até 2025 e a taxa de desemprego deverá situar-se em torno de 6,8%.
O banco liderado por Mário Centeno diz que “a capacidade de financiamento da economia em 2023-25 deverá retomar valores positivos, 3,7% do PIB, superiores aos observados antes da crise”.
E detalha ainda que a economia portuguesa “é, hoje, uma economia diferente, em resultado de alterações estruturantes”, destacando o aumento das qualificações da população, “a estabilidade financeira – refletida na redução do custo de financiamento e no aumento da poupança das empresas e famílias – e a alteração do tecido empresarial resultam numa economia capaz de acompanhar a procura internacional e de gerar riqueza e procura interna sustentáveis”.
Já o mercado de trabalho “mantém-se sólido, em resultado do desempenho económico, mas também para ele contribuindo” e a absorção de fundos europeus pelo setor privado, “ainda limitada, permitirá sustentar o investimento produtivo e mitigar o impacto da subida das taxas de juro”.
O Banco de Portugal alerta que foram identificados riscos equilibrados para a atividade. “Por um lado, o agravamento das tensões geopolíticas e financeiras globais pode abrandar o crescimento, mas, se o dinamismo do consumo e das exportações de serviços continuar a surpreender em alta, a atividade pode crescer acima do projetado”. Já a inflação “pode ser afetada por novos choques sobre os preços das matérias-primas internacionais e uma maior persistência pode resultar da materialização de efeitos indiretos e de segunda ordem sobre os salários e as margens de lucro, ou de políticas pro-cíclicas que sustentem a procura”.
Pela primeira vez, o Boletim Económico inclui projeções orçamentais, detalhando que o saldo orçamental “deve situar-se próximo do equilíbrio até 2025, assumindo as medidas de política orçamental já adotadas e anunciadas” e o saldo primário deve rondar 2,5% no horizonte de projeção, “ainda abaixo dos 3,1% registados antes da crise pandémica”.
E acrescenta que é esperada “uma diminuição do rácio da dívida pública de 20 pontos percentuais, para 92,5%, beneficiando dos excedentes primários e do crescimento nominal da economia. Um excedente primário idêntico ao de 2019 permitiria sustentar a trajetória de redução do rácio da dívida para além do horizonte de projeção”.