Por Aristóteles Drummond
Depois de passar quatro anos fustigando seus adversários, com desnecessária agressividade, Jair Bolsonaro vive um verdadeiro inferno astral. Responde a mais de dez inquéritos, teve contas bancárias bloqueadas, a toda hora tem de depor na Polícia Federal e, em breve, a juízes. Entre as ações, a primeira começou a ser julgada esta semana e envolve a inusitada reunião com os embaixadores acreditados em Brasília para falar mal do sistema eleitoral brasileiro.
Mas tem a constrangedora retenção de presentes recebidos na Arábia Saudita, que entregou apenas em abril e, pela legislação brasileira, devem ser do Estado. Também responde pelo seu Ajudante de Ordens ter fraudado certificado de vacinação temeroso pois a sua falta o impediria de desembarcar nos EUA. E mais: as acusações de que teria tentado dar um golpe de Estado e estimulado as manifestações de janeiro. Na verdade, exceto a reunião com embaixadores, os demais processos não configuram crimes, pois entregou os presentes, não deu golpe de estado e não usou do certificado que diz não ter tido sequer conhecimento. Mas Lula da Silva já disse em público que só pensa em ferir Bolsonaro, que só se referia a ele na campanha como ex-presidiário. E jornal Globo, em editorial, pede que Bolsonaro seja punido com as perdas de direitos políticos.
VARIEDADES
• O Presidente Lula da Silva prometeu ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, limitar o Aeroporto Santos Dumont às ligações com São Paulo e Brasília na tentativa de ocupar o Galeão. Melhor seria ajudar a recuperar a economia, pois a volta do movimento no aeroporto internacional seria natural.
• Inacreditáveis especulações apontam que a Petrobras pode exercer seu direito de preferência na venda do controle da Braskem, maior petroquímica do Brasil, estatizando desta forma a empresa. O investimento seria de dois mil milhões de euros.
• O jornal Estado de S. Paulo, assumindo a tradição da família Mesquita, critica com independência o governo. Esta semana, em editorial, afirma que «o PT é incapaz de distinguir o público do privado”.
• Esteve em São Paulo, a convite da importadora Mistral, o enólogo Luís Pato apresentando seus vinhos. Os da Bairrada e do Dão têm boa aceitação no mercado brasileiro por terem menos teor alcoólico.
• O governador Tarcísio de Freitas tem dois projetos para parceria com o setor privado importantes: trem expresso ligando São Paulo a Campinas e túnel de Santos ao Guarujá.
• O intelectual brasileiro Pedro Corrêa do Lago acaba de receber o maior prémio francês dedicado a publicações e estudos sobre Marcel Proust e sua obra. O livro, edição Gallimard, já lançado na França, terá a edição em português ano que vem. Pedro é o maior colecionador do mundo de originais, cartas, autógrafos, e parte do livro tem base em textos inéditos originais de seu acervo. O pai, Antônio Corrêa do Lago, foi embaixador do Brasil na França.
• A dívida externa brasileira mereceu um upgrade da S&P, certamente pelas reservas robustas. Mas não para investimentos diante das diretrizes do atual governo. O Goldman Sachs discordou da avaliação.
• Lisboa recebe esta semana juristas, empresários e políticos brasileiros em mais um evento promovido pelo ministro Gilmar Mendes.
• Governo limita a pesca da Tainha no sul. O volume de ovas exportadas cresceu muito e coloca em risco a sobrevivência da espécie.
• Os reservatórios das usinas hidrelétricas apontam para pelos menos três anos de tranquilidade para o setor.
• Uma filha fora do casamento de André Maggi, fundador do grupo que leva seu nome e o maior produtor e exportador de soja do mundo, o entrou na Justiça pedindo a revisão de um acordo que assinou há mais de vinte anos, perante Juiz e assistida pela mãe e advogados. Não tem tido sucesso. O grupo é avaliado em sete mil milhões de dólares.
• O inimaginável acontece. A Seleção Brasileira deverá ter como técnico um italiano: Carlo Ancelotti, que foi treinador do Real Madrid.
Rio de Janeiro, junho de 2023