Por Francisca De Magalhães Barros, Pintora
Só no mês de junho, foram mortas 6 mulheres em contexto de violência doméstica! A aceitação da violência contra as mulheres por parte de quem tem a obrigação de fazer algo por as defender é absolutamente chocante. É necessário que se comece a educação dentro de casa, se leve a mesma para a escola e da escola para toda a sociedade. Parece que temos de estar sempre sempre a escrever as mesmas coisas onde nos deparamos com casos absolutamente revoltantes de aceitar! Mas não é assim! Nem nunca será! Pelo menos para mim e para todas as mulheres que lutam e lutaram antes de mim para pôr fim a este flagelo. Começar por educar também os jovens onde muitos acreditam que sofrer violência nas suas relações é normal. Não é. Segundo o jornal Público: Metade dos jovens acha que é legítimo controlar os parceiros: «Metade dos adolescentes não considera que controlar o parceiro é uma forma de violência e um terço acha legítimo pegar no telemóvel ou entrar nas redes sociais sem autorização e insultar o outro durante uma discussão. Estas foram algumas das formas de legitimação da violência no namoro identificadas no inquérito anual da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que sondou 5916 adolescentes, maioritariamente entre o 7.º e o 12.º anos de escolaridade».
Esta dinâmica e este pensamento tem que mudar, seja pelo meio de campanhas massivas e credíveis, seja pelo âmbito escolar e familiar. O nosso país revela ser ainda toxicamente machista dentro dos tribunais, o que também leva que muitas mulheres continuem a morrer, pois as medidas de proteção são uma brincadeira e uma oportunidade para os agressores terem a oportunidade de se transformarem em homicidas e de ganharem tempo e terreno sobre as vítimas que uma e outra vez fazem queixa sem resultados e medidas de proteção minimamente aceitáveis. Joana, uma jovem de 26 anos, foi violentamente esfaqueada no pescoço pelo ex-companheiro, morreu uma semana depois, após ter sido operada de emergência e morreu com uma infeção na traqueia após ter sido mandada para casa apenas um dia depois com uma septicemia. No entanto, perguntamo-nos, quem é o homicida? Não será o agressor que com a intenção de a matar, lhe deu uma facada exatamente no pescoço, o que levou que morresse com a septicemia?
A outra pergunta que faço, da total desvalorização deste caso, é a seguinte, porque é que um indivíduo que tentou matar a Joana, não foi preso preventivamente? O senhor ou a senhora juíza, responsabilizam-se pelos atos deste indivíduo? Sim, porque até agora, ninguém se responsabilizou. As queixas que a Joana fez, não deram resultado.
Que tristeza, onde num espaço de uma semana, foram esfaqueadas, três mulheres e uma criança, no país que para nos mantermos vivas, temos que ter a sorte que nenhum homem nos queira matar.