por Pedro do Carmo
O turismo é um motor decisivo da atividade e do crescimento económico de Portugal. Esse motor é o resultado da conjugação de muitas peças, sendo uma delas a produção agroalimentar que suporta a gastronomia nacional. Não há oferta turística completa, atrativa e competitiva sem o contributo de um Mundo Rural que produz alimentos de qualidade, que estão na base da gastronomia disponibilizada aos turistas e aos nacionais que percorrem o país à procura das iguarias da nossa culinária, das tradições e das novas abordagens. A produção rural suporte da boa mesa é uma parte relevante da oferta turística que vai além do sol e praia, da experienciação dos territórios urbanos, do património histórico ou de segmentos temáticos como a natureza, o desporto ou a cultura.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a procura turística em Portugal chegou aos 37,8 mil milhões e bateu novo recorde. Supera em mais 4,9 mil milhões de euros o máximo que tinha sido atingido em 2019 e fica 16,7 mil milhões acima do montante de 2021. É uma boa notícia para o país, cada vez mais referenciado também pela sua oferta gastronómica tradicional e de inovação, numa conjugação de saberes e sabores diferenciadora e com impactos positivos nas experiências proporcionadas.
O país é naturalmente um território de boas experiências turísticas que deve procurar salvaguardar os pressupostos que lhe conferem um posicionamento competitivo nos mercados da procura internacional de destinos de férias, com renovadas preocupações de sustentabilidade, de afirmação da diversidade da oferta como instrumento de coesão territorial e de acrescento de valor aos agentes prestadores de bens e serviços.
A boa onda do turismo é, tem de ser, um ponto de partida para um esforço integrado de valorização de quem sustenta a oferta que gera o nosso posicionamento. É preciso olhar com outros olhos para os agricultores e criadores que produzem o melhor que a nossa terra, os pescadores capturam um peixe e um marisco singular, os trabalhadores da restauração e da hotelaria e todos os que configuram este setor nacional de referência.
Em tempo de bons resultados, é importante reforçar os pilares que nunca falham nas piores circunstâncias, como aconteceu com a produção nacional agrícola e pecuária, quando se quebraram as cadeias globais de distribuição alimentar.
A boa onda do turismo e da economia nacional tem de ter presente as dificuldades e constrangimentos de quem produz num esforço de compromisso para que a boa produção nacional que suporta a gastronomia nunca seja colocada em risco. Sim, neste bom momento turístico, com o contributo da produção rural, os custos de produção, as alterações climáticas e a necessidade de estabelecimento de novos pontos de equilíbrios, do uso da água aos rendimentos, da diversidade de culturas à justa remuneração do trabalho, são riscos e desafios a considerar.
Conquistado que está um patamar de recuperação, apesar da guerra e da inflação, é preciso reforçar a resiliência dos pilares que alimentam a oferta turística nacional. Essa resiliência precisa de todos, de disponibilidade para o compromisso, de um renovado ânimo para quem gera a excelência dos nossos produtos alimentares, suporte da dieta mediterrânica, de tradições regionais e de inovações dos nossos chefes, cada vez mais empreendedores.
A produção rural é parte do êxito do turismo.