Associações de pais: os anjos da guarda das escolas

Nem todas as associações de pais serão iguais, naturalmente, mas acredito que na generalidade têm muito em comum: são formadas por pessoas que se voluntariam para se dedicarem a assuntos que beneficiarão os seus filhos, os filhos dos outros e a escola de todos.

Quem está de fora raramente se apercebe do que se passa dentro das associações de pais. Para que servem, o que fazem e quem beneficia delas. Muitas vezes a ideia que se forma é a de um grupo de chatos que pedem dinheiro no início do ano, ninguém sabe bem para quê, e que de volta e meia dizem umas coisas. Uma vez, na reunião de encarregados de educação de um dos meus filhos, um pai comentava: ‘Essa malta não faz nada, só querem receber dinheiro!’

 

Nem todas as associações de pais serão iguais, naturalmente, mas acredito que na generalidade têm muito em comum: são formadas por pessoas que se voluntariam para se dedicarem a assuntos que beneficiarão os seus filhos, os filhos dos outros e a escola de todos. Organizam festas que dão um trabalho incalculável e com a receita melhoram as instalações da escola, oferecem material necessário, organizam eventos e surpresas ao longo do ano, resolvem problemas, e estão atentas às famílias mais carenciadas para que não deixem de participar em nada. Na escola podem criar, por exemplo, salas de atividades, espaços de lazer e de jogos, parques infantis, oferecer computadores, projetores, aquecedores ou o que fizer mais falta. Tentam dar resposta a tudo e todos para tornar as escolas mais capazes e as crianças mais felizes. E fazem ainda a ponte entre os pais e a escola, entre a escola e a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia ou o Ministério, e muitas vezes trabalham incansavelmente para atingir os seus fins.

 

Embora tenham muito em comum, e quase possa haver alguma confusão entre as associações de estudantes e as de pais, há uma diferença fundamental entre ambas: é que os estudantes têm muito tempo para se dedicarem à escola, enquanto os pais, além do trabalho, têm necessariamente os filhos, que lhes ocupam quase todo o tempo livre. Logo, desse tempo sobrecarregado de tarefas ainda retirar algum para o benefício de todos é um feito de grande altruísmo e dedicação, que seria digno de um enorme reconhecimento.

No entanto, outra coisa transversal às associações de pais é que, precisamente, raramente são reconhecidas. Os pais que estão fora das associações não têm noção de todas as atividades e melhorias que elas promovem e partem do princípio de que tudo o que acontece é obra da escola ou do Espírito Santo. No entanto, há um esforço extenuante por parte de uma série de pessoas praticamente anónimas que fazem as coisas acontecer.

 

De uma forma geral, o trabalho é muito, os resultados imensos e o reconhecimento muito pouco. O que tem semelhanças com a paternidade: um esforço constante pelo melhor dos filhos sem esperar recompensa e sem fazer publicidade aos seus feitos. Tal como os pais recebem a felicidade dos filhos em troca do seu esforço e dedicação, as associações de pais alimentam-se e ganham ânimo através das suas pequenas e grandes conquistas, dos resultados do seu esforço, da alegria e conforto que oferecem às crianças e a toda a comunidade escolar, dos pequenos reconhecimentos, da felicidade dos outros e também do companheirismo e união dos seus elementos. Geralmente são equipas fantásticas, demasiado pequenas que se desdobram e são capazes de fazer o impossível para conseguirem chegar a todo o lado, sempre cheias de vontade de fazer mais.

Só podemos agradecer a todos os pais que pertencem a estas associações e que oferecem tanto de si para tornar as escolas, crianças, docentes e funcionários todos mais felizes.