"(Do I wanna know?) If this feelin' flows both ways? / (Sad to see you go) Was sorta hopin' that you'd stay / (Baby, we both know) That the nights were mainly made / For sayin' things that you can't say tomorrow day". E, sem dúvida, o sentimento flui nos dois sentidos: com vários "Obrigado, Portugal!" e a apoteose dos fãs, percebeu-se que os Arctic Monkeys continuam a dar que falar. Menos de um ano depois de terem estado em Portugal, no MEO Kalorama, os Arctic Monkeys regressaram a território nacional e apresentaram o seu mais recente álbum 'The Car' (2022).
'Sculptures of Anything Goes' e 'Brianstorm' foram as primeiras músicas da noite, seguindo-se a famosa 'Snap Out of It', lançada em 2013 como parte do álbum "AM". A letra da música aborda temas de desilusão amorosa, obsessão e a necessidade de nos libertarmos de relacionamentos tóxicos. A música revela a perspetiva de alguém que está preso a um relacionamento onde o parceiro não demonstra o mesmo interesse ou afeto, sendo que o narrador expressa a sua frustração e confusão com a situação questionando-se acerca dos motivos pelos quais a outra pessoa age com frieza e indiferença. A expressão 'Snap Out of It' (sair disso, em tradução livre) é usada para transmitir a ideia de que o narrador deseja que o parceiro acorde para a realidade e perceba a falta de conexão emocional entre ambos. É um apelo para que a outra pessoa desperte e entenda a importância de investir no relacionamento ou, caso contrário, seguir em frente.
Apresenta uma melodia cativante e um ritmo contagiante, característicos do som característico dos Arctic Monkeys, combinando elementos de rock alternativo e indie rock, com guitarras marcantes e uma batida animada. A voz de Alex Turner transmite a intensidade emocional da letra, adicionando um toque melancólico à música. Após 'Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair', 'Crying Lightning', 'The View From the Afternoon', 'Four Out of Five' e 'Cornerstone', chegou a ansiada 'Why'd You Only Call Me When You're High?', lançada em 2013, faixa que aborda temas de desejo sexual, comunicação falhada e a frustração de receber atenção apenas quando a outra pessoa está sob a influência de estupefacientes.
A música captura a sensação de ser usado ou descartado, reforçando a necessidade de uma comunicação genuína e de um interesse constante, não apenas quando as circunstâncias são convenientes para a outra pessoa. Musicalmente, 'Why'd You Only Call Me When You're High?' apresenta um ritmo mais lento e uma atmosfera melancólica, sendo conduzida por uma linha de baixo marcante e pelos vocais distintivos de Turner, que transmitem a frustração e a deceção do narrador. A combinação de elementos de rock alternativo e indie rock característicos do grupo cria uma paisagem sonora envolvente que complementa a mensagem da música. Ou seja, a canção explora as complexidades das relações interpessoais e a importância da comunicação sincera e do interesse genuíno, destacando a habilidade da banda em explorar temas emocionais nas suas músicas e criar uma conexão com o público através de letras pessoais e envolventes.
Com t-shirts e sweats pretas por todas as filas com o nome da banda inscrito à frente, os fãs cantavam e dançavam alegremente, pulando também. Em êxtase, receberam 'Arabella' (também de 2013), que retrata uma personagem misteriosa chamada Arabella, que é descrita como uma mulher sensual e poderosa. O narrador expressa o seu fascínio e atração por Arabella, destacando a sua beleza, confiança e charme irresistível. A música utiliza uma linguagem poética e metáforas para descrever a figura de Arabella, referindo-se a ela como uma "rock 'n' roller" e mencionando o seu "aroma a incenso". Essas imagens criam uma atmosfera envolvente e misteriosa em torno da personagem. Musicalmente, "Arabella" apresenta uma combinação de elementos do rock clássico e do rock moderno, com riffs de guitarra marcantes e uma batida pulsante. A faixa é conhecida igualmente pela sua linha de baixo forte e a presença do uso do pedal de fuzz, que adiciona um tom distinto à música.
'I Ain't Quite Where I Think I Am' e 'Pretty Visitors' abriram caminho para 'Fluorescent Adolescent', lançada em 2007 como parte do álbum 'Favourite Worst Nightmare'. A música aborda temas de nostalgia, crescimento e a transição da juventude para a vida adulta. A letra retrata a história de uma personagem feminina que está a crescer e a lutar para se adaptar às mudanças e responsabilidades da vida adulta. Ela é descrita como uma adolescente cheia de vida e energia, mas agora sente-se presa a uma rotina monótona e nostálgica. A expressão 'Fluorescent Adolescent' é usada como uma metáfora para representar o contraste entre a vivacidade da juventude e a transição para a idade adulta. A adolescência é descrita como uma fase brilhante e cheia de energia, enquanto o mundo adulto é espelhado como menos emocionante e mais limitado. Em termos musicais, apresenta um ritmo animado e enérgico, com riffs de guitarra cativantes e uma melodia contagiante.
Depois deste sucesso, veio 'Knee Socks' e o grande êxito 'Do I Wanna Know?', que tem 10 anos. A letra representa o ponto de vista de alguém que está a nutrir sentimentos de paixão e incerteza em relação a um interesse romântico. O narrador questiona-se se realmente quer saber se a outra pessoa partilha os mesmos sentimentos ou se eles devem continuar com a tensão e ambiguidade do relacionamento. A música aborda temas de desejo, atração magnética e a procura por conexão emocional. O narrador expressa um desejo intenso de entender os sentimentos da outra pessoa, mas também reconhece que essa revelação pode trazer consequências ou mudar a dinâmica do relacionamento. Apresenta uma batida lenta e hipnótica, impulsionada por uma linha de baixo distintiva e riffs de guitarra pesados. É também de referir que a música ganhou popularidade pela sua combinação única de elementos de rock alternativo e indie rock, com um toque de influências do R&B contemporâneo.
'There'd Better Be a Mirrorball', '505' e "Body Paint' deixaram os fãs ansiosos por mais. E chegou o encore com 'I Wanna Be Yours', uma adaptação de um poema do poeta britânico John Cooper Clarke, conhecido pela sua poesia de estilo punk. A letra constitui uma declaração de amor e devoção, expressando o desejo do narrador de ser tudo para a pessoa amada, prometendo estar presente em todos os momentos e em todos os aspectos da vida da mesma. É uma expressão de entrega completa e devoção total ao relacionamento. A música utiliza uma linguagem poética e romântica para transmitir esses sentimentos, sendo que o narrador usa metáforas e imagens para descrever o seu amor, comparando-se a elementos do quotidiano como uma tatuagem ou um guarda-chuva. Essas metáforas criam uma atmosfera poética e íntima na música. Com um ritmo lento e uma melodia suave, com destaque para a voz de Turner, que transmite uma sensação de ternura e entrega, a música é construída em redor de uma linha de baixo melódica e complementada por elementos de teclado subtis, criando uma atmosfera romântica e aconchegante.
'I Bet You Look Good on the Dancefloor' antecedeu 'R U Mine?', que dá a conhecer a perspetiva de alguém que está apaixonado e ansioso para saber se a outra pessoa partilha os mesmos sentimentos. O narrador expressa uma atração intensa e um desejo de reciprocidade, questionando se a pessoa amada é realmente sua. A música aborda temas de paixão, luxúria e a procura por uma conexão emocional. O narrador descreve os sinais de atração e admiração que sente pela outra pessoa, mas também expressa um anseio de clareza e certeza em relação aos sentimentos partilhados. Musicalmente, 'R U Mine?' é marcada por riffs de guitarra altamente energéticos e um ritmo pulsante. A música apresenta uma mistura de elementos do rock alternativo e do garage rock.
Neste sábado, o último dia do festival, atuam artistas como Sam Smith, Queens of the Stone Age ou Angel Olsen.