O segundo dia do festival NOS Alive, apesar de contar com a presença de algumas das mais influentes bandas de guitarra da atualidade, adotou como grandes protagonistas dois jovens artistas que ambicionam alcançar a realeza da pop: estamos a falar de Lil Nas X e Lizzo.
Montero Lamar Hill, jovem de 24 anos, que fez a transição de fenómeno da internet para estrela pop depois do sucesso de Old Town Road, música de country rap, lançada em 2018, teve a responsabilidade de encerrar o maior palco do certame que acontece em Algés e decidiu fazê-lo com o maior estrondo possível.
Rodeado de vários dançarinos, com uma enorme estrutura em palco e a utilizar um corpete dourado e uma peruca loura, a criar uma imagem que se assemelha a uma valquíria, entidades da mitologia nórdica, Lil Nas X ofereceu um dos mais arrojados e divertidos concertos do festival, que certamente ficará na memória de quem o assistiu, nem que seja pela presença das criaturas gigantes que invadiam o palco, como uma cobra, um pássaro, um cavalo (que surgiu durante a performance do seu êxito Old Town Road) e até um minotauro.
Com um sistema de som pujante e complexas coreografias – houve inclusive um momento do concerto onde ficaram em palco apenas os bailarinos que faziam breakdance enquanto tocavam músicas como S&M da Rihanna ou Perra de Tokischa – o rapper apresentou hit atrás de hit, como Panini, MONTERO (Call Me By Your Name) ou INDUSTRY BABY, deixando a sua legião de fãs em completa euforia, acompanhando todas as músicas e danças do artista.
Sempre com boa disposição, fez até uma piada com o facto de ter rasgado as calças durante o concerto, o concerto de Lil Nas X foi um dos momentos de maior destaque e irreverência na presente edição do festival.
Também a pautar pela energia contagiante que trouxe durante o seu concerto, Melissa Viviane Jefferson, mais conhecida pelo seu nome artístico Lizzo, munida de êxitos como Juice ou About Damn Time, ofereceu um dos concertos mais animados do festival.
Munida de dançarinas e um interessante espetáculo de luzes néon, que trazia a memória um imaginário de decorações manhosas de Las Vegas, a artista apresentou a Portugal os seus diversos talentos, desde a sua poderosa voz que faria corar algumas das rainhas do soul, até à sua capacidade para tocar flauta transversal, especialmente nos momentos em que tocava este instrumento de sopro sem desafinar enquanto twearkava.
Num concerto que se preocupou em transmitir uma mensagem positiva e de aceitação pessoal (You’re special, bitch, dirigia para todos os membros da audiência com o seu peculiar charme e carinho), o concerto de Lizzo foi um momento de celebração e comunhão entre público e uma artista que passou com distinção na sua primeira presença em Portugal (ainda que esta estivesse confusa quanto ao facto de já ter atuado ou não em terras lusitanas).
A contrastar esta energia positiva e de comunhão com os fãs está o concerto de Arctic Monkeys, com a banda inglesa liderada por Alex Turner a cumprir calendário e a tocar êxitos antigos, como músicas favoritas de fãs desde Don’t Sit Down Cause I Moved Your Chair ou I Bet That You Look Good On The Dance Floor, assim como canções novas do disco lançado no ano passado, The Car, sem nunca sair muito do seu registo, sem grandes entusiasmos e sem grandes interações com o público.
Para quem veio ouvir os hits dos ingleses, esses foram para casa satisfeitos com a barriga cheia de Do I Wanna Know? Ou Are U Mine, mas para quem esperava um pouco mais teve que se contentar com este espetáculo.
Mais interessados em interagir com os seus fãs e em despertar uma reação mais visceral por parte da audiência são os britânicos Idles, também já uma presença recorrente em solo português, mas sempre bem-vinda e bem recebida.
O energético punk com mensagem positiva do conjunto despertou ininterruptos moches à frente do palco, com a audiência a tentar corresponder à caótica performance da banda de Bristol, responsáveis por malhas como Never Fight A Man With a Perm ou Rottweiller, que ora dançavam, tocavam os seus instrumentos como maníacos, saltavam para o público a meio do concerto ou iniciavam cânticos contra a monarquia, com o vocalista Joe Talbot a gritar “Fuck the King”.
Apesar de, depois de tentas presenças em Portugal, os concertos dos Idles começarem a transformar-se num espetáculo cada vez mais previsível, enquanto estes conseguirem despertar a energia de toda a audiência para cantar músicas como Danny Nedelko, estes vão continuar a ser bem recebidos no nosso país e a serem uma das bandas favoritas por parte dos festivaleiros.
Este segundo dia do NOS Alive foi também marcado por atuações de dois importantes nomes da música portuguesa, os Linda Martini, que confessaram em palco estarem a celebrar o vigésimo aniversário da banda, e de uma lenda viva, Jorge Palma, que contou com uma enorme audiência que acompanhou o músico em canções como Frágil, Estrela do Mar ou Encosta-te a mim.
Amanhã, sábado dia 8 de julho, acontece o último dia do NOS Alive, que será marcado pela presença de artistas como Sam Smith, Queens of the Stone Age ou Angel Olson.