"Oh, won't you stay with me? / 'Cause you're all I need / This ain't love, it's clear to see / But, darling, stay with me". O público português pediu e Sam Smith acedeu: ficou com os festivaleiros durante a noite deste sábado e começou o concerto com a música lançada em 2014 como parte do seu álbum de estreia 'In the Lonely Hour', sendo que esta foi um grande sucesso comercial e recebeu aclamação crítica pela sua emotividade e performance vocal impressionante. A letra aborda temas de solidão, desejo e a necessidade de conexão emocional. O narrador expressa um sentimento de vazio e solidão, procurando a companhia e o conforto de outra pessoa, retratando um momento de vulnerabilidade e a sinceridade do desejo de ter alguém por perto para compartilhar a vida. Musicalmente, apresenta uma melodia simples e suave, destacando principalmente a voz poderosa de Sam Smith. A música é impulsionada por um arranjo minimalista, com destaque para o piano e vocais emotivos. A entrega vocal de Sam Smith transmite a emoção crua e a vulnerabilidade da letra, tocando os corações dos ouvintes. A música ganhou vários prémios, incluindo o Grammy de Gravação do Ano em 2015.
De seguida, veio 'I'm Not the Only One', pertencente ao mesmo álbum, que espelha a perspetiva de alguém que descobre que o seu parceiro está a ser infiel. O narrador expressa a dor e a deceção de descobrir que não é o único na vida do parceiro, enfrentando a realidade de um relacionamento desonesto. A música aborda a traição e a sensação de ser substituído ou enganado por alguém que deveria ser fiel. A letra retrata um misto de emoções, desde a angústia e o choque inicial até a tristeza e a aceitação gradual da situação, expressando o desejo de confrontar a outra pessoa, mas também reflete sobre o amor que ainda persiste, apesar da traição. Apresenta uma melodia suave e cativante, com destaque para a voz distintiva de Sam Smith. É acompanhada por um arranjo musical elegante, com destaque para elementos como piano e cordas, que ajudam a criar uma atmosfera emocionalmente carregada.
Depois de 'Like I Can', também de 2014, seguiu-se 'Too Good at Goodbyes', single do seu segundo álbum de originais ('The Thrill of It All', de 2017), através da qual ficamos a conhecer a história de alguém que foi ferido emocionalmente no passado e, como resultado, desenvolveu uma defesa emocional. O narrador expressa o medo de se abrir e entregar-se completamente a um relacionamento por causa do medo de ser magoado novamente. A música aborda a auto-proteção e a relutância em envolver-se emocionalmente devido ao histórico de deceções e despedidas dolorosas. A letra ressalta a habilidade do narrador em antecipar o fim de um relacionamento antes mesmo deste acontecer, alegando ser "demasiado bom em despedidas". Isso sugere uma mentalidade defensiva e uma expectativa de que a relação eventualmente chegará ao fim. Musicalmente, esta canção tem uma melodia suave e cativante, com uma produção elegante que destaca a voz poderosa e emotiva de Sam Smith. É construída em torno de uma balada pop, com elementos de piano, cordas e uma batida subtil que acompanha a jornada emocional da letra.
Vieram 'Perfect' (2023) e 'How Do You Sleep?' – “É uma das minhas canções favoritas", confessou o cantor -, até chegar 'Dancing With a Stranger', lançada em 2019 como um single colaborativo entre Sam Smith e a cantora e compositora Normani. A música foi escrita por Smith, Normani, Jimmy Napes, Mikkel S. Eriksen e Tor Erik Hermansen, e produzida por Stargate. A letra aborda a sensação de solidão e a procura por conexão emocional após o fim de um relacionamento. Os dois cantores expressam a necessidade de superar o coração partido e tentar encontrar um novo amor, mesmo que seja apenas por uma noite de dança e diversão. A música descreve a situação em que os protagonistas se encontram numa festa ou num local social, tentando preencher o vazio emocional com interações superficiais e momentos efêmeros de conexão com estranhos. Isto é, procuram uma fuga temporária das emoções dolorosas. A canção tem uma combinação de elementos do pop contemporâneo e do R&B, com uma batida cativante e influências do estilo de dança dos anos 80. A música é marcada pela química vocal entre Sam Smith e Normani, que trazem uma intensidade e emoção palpável à faixa.
“Quando estava a fazer o álbum há dois anos e em sonhava em voltar aos palcos, prometi a mim mesmo que, se fizesse de novo, faria questão de comemorar e cantar com os meus amigos [os músicos] porque sem eles não seria possível”, disse Smith e a festa continuou com 'Lay Me Down', 'Love Goes' e 'Gimme', até ser a vez de 'Promises' ter o seu destaque, música lançada em 2018 como um single colaborativo entre o produtor e DJ escocês Calvin Harris e Smith. A música foi escrita por Calvin Harris, Sam Smith, Jessie Reyez e outros colaboradores, e foi produzida por Harris. A letra aborda temas de amor, paixão e a vontade de se entregar completamente a alguém, representando a perspetiva de alguém que está disposto a fazer promessas e comprometer-se com um relacionamento, oferecendo amor e lealdade incondicionais. Combina elementos do house music e do dance-pop, com uma batida pulsante e contagiante. A produção de Calvin Harris traz uma vibe energética e dançante à música, enquanto a voz distintiva de Sam Smith adiciona uma camada emocional e poderosa.
'I'm Not Here to Make Friends' e 'Latch', de 2012, continuaram a deixar o público a vibrar, enquanto Smith mudou de roupa mais uma vez e regressou ao palco com um véu branco para cantar 'Gloria'. Depois, foi a vez de 'Human Nature' antes da conhecida 'Unholy', sendo que, em fevereiro deste ano, Smith e Kim Petras venceram a categoria de dueto ou grupo com a música "Unholy", nos Grammys, tendo esta segunda sido a primeira mulher transexual a vencer esta categoria. Recorde-se que, em janeiro, numa entrevista ao radialista Zane Lowe, a propósito do seu novo álbum, ‘Gloria’, Sam Smith revelou o preconceito sofrido depois de se ter aberto sobre a sua identidade de género. “Se isso acontece comigo e sou uma estrela pop, imaginam o que outros miúdos queer sentem?”, interrogou o artista que, em 2019, passou a usar os pronomes “they/them”, ou seja, pronomes neutros. Para além disso, Smith recordou uma experiência traumática vivida pouco tempo depois de revelar ser pessoa não-binária: “A quantidade de ódio que recebi foi arrasadora. Estava nas notícias. Cuspiram-me em cima na rua. Foi uma loucura”, lastimou. “É muito triste que estas coisas ainda aconteçam em 2023. É desesperante, especialmente em Inglaterra”, realçou. Apesar do ódio generalizado nas redes sociais e na rua, o cantor fez questão de frisar que a decisão de passar a responder pelos pronomes “they/them”, foi bem recebida pela família e amigos. “Desde que mudei os meus pronomes, sinto que estou em casa. Quem me dera conhecer estes termos quando andava na escola. É isto que sou e sempre fui”, explicou.
O NOS Alive regressa ao Passeio Marítimo de Algés nos dias 11, 12 e 13 de julho de 2024.