Ao subir, os palcos…

Qualquer problema que possamos ter será nada… porque é assim quando se junta um milhão de pessoas.

Por Edgar Clara

Haverá alguém que, ao ver a construção dos palcos para a Jornada Mundial da Juventude, não comece a ficar com um bichinho de alegria no estômago? Provavelmente sim! Mas no fim, todos ficaremos orgulhosos de acolher milhões de jovens vindos de todo o mundo…

Esta semana, um jornalista que perguntava se já nos demos conta que o Papa, no palco do Parque das Nações, não vai conseguir ver a multidão e a multidão também não o vai conseguir ver… Estranho, porque primeiro atiçaram a opinião pública para baixarem os custos e, consequentemente os palcos, e agora deram-se conta que os cinco metros que tiraram ao palco fazem falta para alguma coisa.

É mesmo Portugal no seu melhor…

Também li que afinal, mesmo estando previstas menos pessoas, o retorno financeiro que o Governo português vai receber com a organização desta Jornada Mundial da Juventude em Portugal será muito maior do que o previsto inicialmente. Isto é, os milhares de grupos de jovens de todo o mundo irão injetar muitas centenas de milhões de euros na nossa economia e nos cofres do Estado por via dos impostos.

Li ainda que os hotéis estão muito pesarosos porque a Jornada Mundial da Juventude lhes está a estragar o negócio. Naturalmente não disseram a quanto estavam a cobrar por noite durante essa semana. Lembro-me que, em 2010, quando o Papa Bento XVI veio a Portugal os hotéis de Fátima puseram a mil e quinhentos euros a noite, mas só aceitavam a reserva mínima de duas noites. Alguns amigos que vêm com grupos, tentaram reservar hotéis e hostels e tudo o mais, mas apenas lhes respondiam que não estavam a receber reservas para essa semana.

O que ficará de tudo isto é nada… porque no dia em que entrarem os miúdos pelas fronteiras de Portugal, montados nos seus autocarros, iremos sentir a alegria enorme de ver os rostos dos chineses, dos nigerianos e latino-americanos, as cores diversas das peles de tantos rapazes e raparigas (ou talvez deva dizer, raparigas e rapazes) que se deslocam a Portugal para participarem neste encontro.

Naturalmente haverá problemas na organização e não só… haverá muitos problemas e gente enjoada e choro e ranger de dentes. É sempre assim… nas Jornada Mundial de Roma, no ano 2000, lembro-te de ter ido sete vezes ao hospital só com os jovens do meu grupo. Por isso, qualquer problema que possamos ter será nada… porque é assim quando se junta um milhão de pessoas. Mas o que ficará destas jornadas será, seguramente, o grito de alegria de se encontrarem.

Alguns já estão a dizer que vão fazer greve durante essa semana. É uma injustiça porque não querem deixar que os jovens presos se aproveitem da visita do papa para se libertarem e procuram chantagear o Governo para as suas próprias libertações. Também isto não é novo. Lembro-me que em 2002, durante a Jornada Mundial da Juventude de Toronto, a cidade estava totalmente atulhada de lixo: os homens – e mulheres – do lixo tinham feito greve!

Como diz a palavra: «Nada de novo debaixo do sol». E é verdade! O pecado é tão velhinho como o Adão e Eva e veremos muitos pecadores e muitos pecados durante essa semana. Aliás, o que o cristianismo é para os pecadores e não para gente perfeita.

Acontece que no final do dia seis de agosto haverá uma nostalgia da juventude que transforma todos os problemas em oportunidades de se desafiarem a si mesmos.