É o caráter e o trabalho que definem a pessoas não a cor ou o sexo

As políticas identitárias são doentias porque reduzem o significado extraordinário da individualidade a uma pertença grupal que se opõe a outros grupos…

Por João Maurício Brás

No manicómio que é o Ocidente ainda há réstias de luz, em Junho o Supremo Tribunal dos EUA colocou um fim aos programas de discriminação positiva nas universidades, acabando assim como as quotas de compensação para minorias. As quotas tal como existiam eram um insulto à igual dignidade de direitos e até aos princípios básicos de equidade e decência humana… São aquelas ideias perversas disfarçadas de benignidade… Aliás, a discriminação é sempre negativa.
As quotas são uma espécie da pré-história do wokismo e de uma deformação do progresso, da liberdade e dos direitos da igual dignidade do ser humano levadas a cabo pelas seitas ativistas que tiveram e têm a sua expressão maior no caldo manicomial das Universidades norte-americanas..

Podemos ler no acórdão que é um raio de sensatez sobre a ideologia progressista dessas Universidades: «Consideraram erroneamente que a base da identidade de uma pessoa não é a sua competência, as qualificações adquiridas ou as lições aprendidas, mas a cor da sua pele. A nossa história, a Constituição, não tolera isso… Por outras palavras, o aluno deve ser tratado com base nas suas experiências individuais, mas não em critérios raciais».

As políticas identitárias como afirma, por exemplo, Gad Saad são um cancro para a dignidade. O respeito pelo ser humano e pela sua dignidade implicam uma luta permanente pela igualdade do ponto de partida e remoção dos obstáculos que levam as pessoas a não poderem participar em determinadas áreas. A igualdade de oportunidades deve ser uma exigência intransigente, já a imposição artificial de igualdade de resultados é uma perversão típica do progressismo e da esquerdopatia contemporânea.

Gad Saad estabelece uma analogia cristalina sobre esse experimento grotesco do progressismo; pensemos no futebol, se lhe aplicarmos o sistema de quotas implicaria que para combater o racismo, um país Africano teria que ganhar um mundial de futebol de x em x tempo, tal como um país islâmico para combater a islamofobia e Israel para lutarmos contra o antissemitismo?… Vejamos como está a representatividade na maratona de Boston. Nos últimos 30 anos foi ganha quase exclusivamente por quenianos e sempre por africanos; o que fazer? Afinal se um departamento qualquer não tem x por cento de negros é racismo epistémico…

As quotas constituem um dogma dessa religião progressista, a DIE, diversidade, inclusão e equidade, a santíssima trindade manicomial que já não promove a pessoa, na sua singularidade, mas sim o facto de pertencer a uma determinada etnia ou orientação sexual, que a deve tornar privilegiada, para compensar uma qualquer injustiça percecionada por um grupo ativista… Eu sou o Y, antes de ser homo ou hétero, branco ou negro, na minha existência represento-me e afirmo-me principalmente na minha singularidade. Não quero ser julgado pela cor da minha pele, sexualidade ou origem, mas sim pelo que sou como pessoa.

As políticas identitárias são doentias porque reduzem o significado extraordinário da individualidade a uma pertença grupal que se opõe a outros grupos numa luta sem tréguas de favor e desfavor. O que conta não é a nossa excelência, o nosso esforço, o nosso trabalho mas sim a cor e a orientação sexual. Acabaram a promover o que alegavam combater. Já agora, e que tal exigir quotas para pobres nas grandes empresas e bancos?