Harrison Ford. O ‘último adeus’ de uma lenda

O último filme da saga Indiana Jones estreou no dia 29 de junho nos cinemas portugueses. A produção, que conta com Harrison Ford, mais de 40 anos depois da sua estreia, como protagonista, faz-nos conhecer a passagem do tempo por aquele que é o arqueólogo mais conhecido de Hollywood. O ator norte-americano, com 80 anos,…

Admite que sempre gostou de trabalhos físicos e que achava que «carregar uma pilha de carvão podia ser mais satisfatório do que trabalhar num escritório e voltar para casa frustrado». O seu objetivo sempre foi trabalhar regularmente, por isso, garante que nunca esperou ficar rico e famoso. «Queria ser conhecido por ser um ator trabalhador. Isso era o suficiente», explicou em algumas entrevistas. Como ator, não usa nenhum método particular. «Para mim, o sucesso é escolha e oportunidade», defende. E, apesar de ter vivido vários avanços e recuos, antes de se transformar num dos atores mais aclamados de Hollywood, aos 80 anos, Harrison Ford ainda parece interessado em correr riscos e dar votos de confiança nos filmes nos quais trabalha. 

O mais recente filme da saga Indiana Jones, ‘Indiana Jones e o Marcador do Destino’, que estreou no dia 29 de junho nos cinemas portugueses, já ultrapassou a concorrência nas bilheteiras mundiais, revelaram as estimativas da indústria no domingo. No entanto, de acordo com os analistas, «foi uma estreia fraca para uma das sagas de cinema preferidas dos fãs». A estreia mundial no último fim de semana apenas conseguiu arrecadar 130 milhões de dólares nas bilheteiras.

Segundo a IndieWire, o valor começou por ser descrito como uma «desilusão» ou «tépido». Porém, nem mesmo o feriado do 4 de julho dos EUA impediu que se começassem a analisar as consequências para uma produção com um orçamento estimado em perto de 300 milhões de dólares, com pelo menos mais 150 investidos em promoção. De acordo com o respeitado site, tendo em conta que o custo final tenha ficado à volta dos 450 milhões, «não existe qualquer caminho para o quinto filme da saga com Harrison Ford chegar ao lucro». O IndieWire estima que as receitas globais de ‘Indiana Jones e o Marcador do Destino’ fiquem por uns medíocres 300 a 350 milhões de dólares.
No site Rotten Tomatoes, a última aventura de Harrison Ford no papel do arqueólogo Indiana Jones está avaliada em 68% pelos críticos e 88% pelo público geral.

Mais velho 

Mas nem isso lhe tira a importância, já que o quinto filme da saga lançada em 1981 e realizada por Steven Spielberg e George Lucas, marca a despedida de Harrison Ford de um dos maiores papéis da sua carreira. «Sempre quis finalizar esta história mostrando-o no final da sua carreira e até da sua vida», afirmou o artista, na conferência de lançamento da produção. «Tínhamos um excelente guião e esse foi o encorajamento para continuar com o projeto», admitiu. «Não houve barreiras para contar mais um capítulo desta história. Foi algo que ambicionei», acrescentou.

O mais recente filme, escrito por Jezz Butterworth, John-Henry Butterworth, David Koepp e James Mangold, conta a história do arqueólogo quinze anos depois do quarto filme numa fase descendente da carreira e da vida. «Ele envelheceu e encontramo-lo no dia da sua reforma da vida académica, que não foi inspiradora para ele», disse ainda Harrison Ford. «Estamos a vê-lo num ponto baixo como nunca tínhamos visto», sublinhou. «A sua fraqueza é a devastação do tempo», adiantou o protagonista.

Segundo a sinopse, é nesse momento que surge Helena Shaw a quem a atriz Phoebe Waller-Bridge dá vida e que acaba por virar a vida de Indiana Jones ao contrário. «Sinto que é bom por causa da forma deste adeus», referiu Harrison Ford que sente que a equipa fez um filme «muito satisfatório para a audiência». 
Mesmo passados 42 anos, ‘Indiana Jones e o Marcador do Destino’, tem todos os ingredientes dos filmes anteriores, com cenas de ação, salvamentos e perseguição, contando ainda com um vilão nazi que sonha em trazer de volta o terceiro Reich, Jürgen Voller interpretado por Mads Mikkelsen.
Para si e, tendo em conta as pessoas envolvidas e a natureza da história que Jim [Mangold] criou, «é um esplêndido adeus».

Uma lenda que não o quer ser  

É natural que vejamos Harrison Ford como uma lenda, já que marcou gerações com papéis como Indiana Jones e Han Solo, em ‘Star Wars’. No entanto, parece que o ator não aprecia o termo. Numa entrevista à EW, no final do mês passado, o artista admitiu  que se considera «apenas um profissional» e não entende necessariamente o que leva uma pessoa a ser tratada como «uma lenda». «Não sei o que uma lenda faz para viver…. Sei que me considero um ator que trabalha e contento-me com isso», começou por explicar. «Suponho que uma lenda significa que alguém já está por aqui há algum tempo… E eu acho que isso é dito de uma forma graciosa, mas soa-me como algo velho. Eu sou inteligente o suficiente para saber que é uma coisa boa de se dizer, e assim deve ser. Mas eu só estou a partilhar qual é a minha reação a isso», concluiu Ford.