O avanço da Inteligência Artificial (IA) é uma das maiores conquistas tecnológicas das últimas décadas. No entanto, é importante observar e interpretar o significado das recentes iniciativas que procuram contrariar e atrasar o seu progresso.
Essas iniciativas têm surgido por diversas razões, nomeadamente a falta de compreensão das suas implicações sociais e económicas. Teme-se, por exemplo, que a IA substitua uma percentagem significativa da população ativa no mercado de trabalho, tornando-os obsoletos.
Embora seja verdade que algumas funções já tenham substituto fácil, e outras possam vir a ter brevemente, é fundamental entender que a IA não é um substituto para a criatividade humana, empatia e outras competências interpessoais. Muito pelo contrário, a IA pode ser uma ferramenta poderosa no enaltecimento dessas mesmas competências insubstituíveis.
Ao rejeitar ou atrasar o avanço da IA, corremos o risco de perder oportunidades de crescimento e inovação. Num mundo cada vez mais globalizado e competitivo, as empresas precisam de se adaptar e incorporar tecnologias inteligentes para se manterem relevantes. Isso implica repensar e requalificar os colaboradores, em vez de simplesmente eliminá-los.
É necessário investir em educação e programas de capacitação para garantir que os jovens profissionais estejam preparados para trabalhar lado a lado com a IA. Pense o seguinte: a IA é aquele colega de trabalho que trata das tarefas mais maçadoras, desde envio de emails, a criação de conteúdos, até à execução de tarefas repetitivas de reporte, por exemplo.
Entre muitos outros aspetos a considerar, acredito que o leitor concorde que se deva garantir que a IA seja aplicada de forma transparente e justa, evitando discriminação e garantindo a privacidade dos dados. Estou seguro de que o leitor não quer a ver o preço de um medicamento ser aumentado só para si porque precisa mais, nem que lhe aumentem o valor de um seguro só porque sabem o seu regime alimentar, ou mesmo recusarem-lhe uma oportunidade de trabalho pelos seus comentários políticos em privado. Além disso, é crucial promover uma colaboração e alinhamento fortes entre empresas, sistema de educação e Governo, a fim de garantir a construção de uma visão condutora do desenvolvimento e utilização sustentável desta tecnologia.
Contudo, a IA já está presente em muitos aspetos de nossa vida quotidiana, desde assistentes virtuais nos nossos telemóveis, a recomendações personalizadas em plataformas de streaming. O leitor já se transformou, talvez sem que se tenha apercebido, num cyborg: recorre a tecnologia de forma dependente e simbiótica. Ou vai dizer-me que deixa o telemóvel em casa!?
Em suma, é fundamental compreender que a Inteligência Artificial não é uma ameaça, mas uma oportunidade. Devemos abraçar o seu potencial com cautela, e explorar as suas potencialidades. No tempo das cavernas, tínhamos pedras e galhos. Hoje temos IA. Não fuja do recurso às ferramentas de que predispõe hoje, e faça o ‘fogo’ que precisa para simplificar a sua vida.