Se há músicas que nos acompanham – tendo nós 50 ou 20 anos –, são as baladas de Rod Stewart. Desde ‘Sailing’ e ‘I Don’t Want to Talk About It’, em 1975, até ‘Have I Told You Lately That I Love You’, em 1995, ou ‘Have You Ever Seen the Rain’, em 2006, é difícil que exista alguém que nunca tenha vivido um momento da vida ao som dos clássicos do cantor britânico, dono de uma voz rouca e inconfundível, considerado um dos maiores nomes do pop rock dos anos 70.
O artista, que bateu o recorde mundial da maior plateia de todos os tempos quando reuniu 3,5 milhões de pessoas na praia de Copacabana em 1994, tendo o feito sido registado no Guiness Book; conhecido também pelo seu amor ao futebol – possui um campo de futebol na sua mansão em Los Angeles e, muitas vezes, chutou bolas para as plateias nos seus concertos –, encheu no domingo passado, aos 78 anos, o Altice Arena, num concerto onde cantou, dançou e contagiou com a sua energia quase inesgotável.
Durante mais de cinco décadas de carreira, o artista já vendeu cerca de 265 milhões de álbuns e na sua coleção de conquistas possui um Grammy Living Legend (Lenda Viva, em português), a nomeação como ‘Sir’ – Comandante do Império Britânico – pela coroa britânica, «pelos serviços prestados à música e pelo seu trabalho com várias instituições de solidariedade», assim como uma estrela no Passeio da Fama, entre muitos outros prémios. Segundo os meios de comunicação internacionais, a sua canção mais vendida foi o hit ‘Do Ya Think I’m Sexy?’ de 1978, que atingiu o número 1 em praticamente todos os países e vendeu mais de 4 milhões em todo o mundo.
De coveiro a cantor
O artista nasceu com o nome Roderick David Stewart no dia 10 de janeiro de 1945, em Londres, Inglaterra. Rod era o mais novo dos cinco filhos de Robert e Elsie Stewart, nascidos na Escócia. Em pequeno, tinha o sonho de ser futebolista, tendo mesmo jogado em algumas equipas da terra, antes de perceber que o seu futuro passaria pela música. Além disso, antes do início da sua carreira musical, passou por vários empregos de curta duração. Depois de deixar a escola, trabalhou pouco tempo na arte da serigrafia, além de jogar futebol no Brentford Football Club (situado em Londres). Foi ainda coveiro. Depois disso viajou à boleia por toda a Europa com o cantor de folk Wizz Jones. A dupla cantava onde deixassem para ganhar uns trocos.
O estímulo musical surgiu da família que era grande fã do cantor Al Jolson. Rod colecionava os seus álbuns, lia livros sobre o músico que, segundo o próprio, exerceu grande influência no seu estilo. O jovem decidiu então aprender a tocar guitarra e, aos 11 anos, formou um grupo de skiffle com colegas da escola chamado Kool Kats.
Antes de ser conhecido enquanto artista a solo, o jovem fez parte de várias bandas no Reino Unido na década de 1960. Em 1966, por exemplo, juntou-se ao Jeff Beck Group, influenciado pelo blues. O grupo fez uma tour pelo Reino Unido e EUA e lançou dois álbuns de sucesso. Em 1969, juntou-se ao que ficou conhecido como The Faces. Ron Wood foi um dos seus companheiros de banda e tornou-se membro dos Rolling Stones. Em 1971, e depois da saída do amigo da banda, Stewart apresentou-se então como artista solo e obteve o seu primeiro grande sucesso com o álbum ‘Every Picture Tells A Story’, que trazia o single ‘Maggie May’.
Mudando-se para os EUA em 1975, os êxitos do artista incluíam ‘Tonight’s the Night’, de 1976 e ‘Do Ya Think I’m Sexy?’, de 1978. A década de 1980 provou ser mais desafiadora, já que, enquanto ‘Tonight I’m Yours’ (de 1981) foi disco de platina, os álbuns que se seguiram não correram tão bem. Mas não foi preciso muito até que o artista se reerguesse, continuando a compor canções, lançar discos e encantar plateias, como faz até hoje.
Rod Stewart casou-se três vezes e teve 8 filhos.
Um homem irreverente
Além de um ícone musical, o músico é também conhecido pela sua irreverência, sem qualquer pudor em falar sobre o seu passado mais sombrio. No seu livro de memórias, ‘Rod: The autobiography’, lançado em 2012, o artista revelou que, no pico da sua carreira, costumava consumir cocaína por via anal. A opção do músico deveu-se a uma preocupação com o efeito que a droga poderia causar nas suas vias nasais e, consequentemente, na sua voz.
Além disso, no livro, Rod admite que, enquanto criança, fingia estar doente para evitar as aulas, inclusive de música. O seu método consistia em fazer uma espécie de mistura – que, na descrição do livro, tinha puré de batatas da merenda escolar e cenouras, entre outras coisas – e jogá-la para o chão do pátio da escola, dizendo tratar-se de vómito. Assim, era mandado de volta para casa.
Numa outra parte da autobiografia, o cantor comenta a sua «primeira vez», aos 16 anos. Segundo o próprio, este estava num festival de música em Londres: «Perdi a minha virgindade com uma mulher mais velha que chegou perto de mim com entusiasmo na banca da cerveja», explica. Os detalhes do encontro foram escritos na música ‘Maggie May’.
Sabemos também que o cabelo espetado é a imagem de marca de Rod Stewart e, de acordo com o The Sun, o segredo parece estar na maionese.
De acordo com Elliot Saltzman, que trabalhou com Steve Marriott, falecido vocalista dos Small Faces, Rod Stewart revelou o segredo a Steve quando este ainda era vivo. Em declarações à mesma publicação, Elliot contou que o penteado consistia em colocador maionese no cabelo e esfregar com «uma toalha muito rápido».
Cantar até morrer
Rod Stewart conta com mais de 50 apresentações realizadas em 2022 (em média, uma a cada semana). Já neste ano ocorreram 32 performances ao vivo (em média, uma a cada 5 dias). Apesar da idade, garantiu no mês passado que reformar-se não está nos planos: «Nunca irei para a reforma! Fui posto na Terra para ser cantor e vou continuar a sê-lo até que Deus queira». l