por João Sena
No final do jogo de estreia frente aos Países Baixos, as jogadoras e o técnico aceitaram a derrota, mas não estavam convencidos, ficou algo por fazer. Na partida frente ao Vietname, outra estreia no Mundial de futebol, tiveram a possibilidade de mostrar tudo aquilo que valem, e valem muito. Foi um jogo de sentido único e um triunfo moralizador (2-0) para o jogo decisivo frente às campeãs do mundo, que vêm dos Estados Unidos.
Francisco Neto tinha deixado o aviso de que o Vietname ia colocar outras dificuldades à equipa nacional. As Navegadoras assimilaram a mensagem e entraram em campo com uma enorme determinação em ganhar. O selecionador fez sete alterações relativamente ao primeiro jogo com bastante êxito. A seleção impôs uma dinâmica extremamente ofensiva, com as jogadoras a pressionar e a atacar a bola com garra. Sentiam que era a oportunidade há muito esperada e desejada. Aos seis minutos Portugal já tinha criado três oportunidades para marcar e, à terceira, foi de vez com o golo de Telma Encarnação. A avançada do Marítimo foi considerada a melhor jogadora em campo pela FIFA, mas há poucas semanas estava a jogar para não descer de divisão, o clube madeirense venceu o playoff e salvou a época. O segundo golo de Portugal surgiu aos 21 minutos por Kika Nazareth, aos 20 anos e oito meses tornou-se a jogadora mais jovem de sempre a marcar num campeonato do mundo. Os festejos das Navegadoras foram aconteceram ao som do tema Melhor de mim de Mariza, que se fez ouvir bem alto no estádio, em Hamilton, na Nova Zelândia. No segundo tempo, Portugal continuou a jogar bem e a falhar golos perante uma equipa que raramente saía do seu meio-campo. A seleção fez nove remates enquadrados com a baliza, mandou duas bolas à barra e podia ter goleado. O único pecado deste jogo foi a fraca finalização.
No final da partida, o selecionador considerou que «para o volume ofensivo e número de oportunidades devíamos ter marcado mais golos. Fizemos coisas boas, mas há outras que ainda temos de trabalhar. Acima de tudo foram competentes e sérias». Francisco Neto fez ainda questão de salientar que «já jogaram 22 jogadoras das 23. Na antevisão, disse que confiava em todas, têm todas o seu papel. Sabem o que penso e os momentos em que podem ajudar e este jogo demonstrou isso», afirmou à RTP.
Telma Encarnação esteve quase a marcar no jogo frente aos Países Baixos, e agora não falhou: «É um orgulho enorme marcar o primeiro golo de Portugal. Há que continuar a trabalhar para levar o nome do país mais longe», disse a avançada, que estava radiante. «É um momento de muita felicidade. Pensei nos portugueses que nos apoiam e na família».
A equipa vietnamita conseguiu o apuramento para o Mundial via playoff. Frente a Portugal apostou numa estrutura defensiva e não conseguiu utilizar a velocidade das suas jogadoras. Huynh Nhu é a única que joga no estrangeiro, na época passada esteve no Lank Vilaverdense.
À entrada para a última jornada, Estados Unidos e Países Baixos têm quatro pontos e Portugal três pontos. Para passar aos oitavos de final a seleção nacional tem a difícil missão de vencer as norte-americanas, quatro vezes campeãs do mundo, o empate também pode servir caso as neerlandesas percam com as vietnamitas.
O futebol feminino continua a ganhar adeptos, como ficou demonstrado pela audiência no jogo frente aos Países Baixos. A mensagem das jogadoras a pedir aos portugueses para porem o despertador e assistir aos jogos foi levada a sério. Mais de um milhão e meio de espetadores seguiram a partida na RTP 1 (a Sport TV 1 também transmitiu o jogo), o que representa 33% de share. O último jogo de fase de grupos frente aos EUA tem lugar dia 1 de agosto, às 8h00.