Como uma amiga que abraça, uma aragem que ajuda a respirar, uma luz que, muitas vezes, atenua as preocupações, com o seu jeito calmo e a voz aveludada, Norah Jones é, para muitos, um bálsamo de paz e tranquilidade.
Depois do lançamento, em 2002, do seu disco de estreia ‘Come Away With Me’, a artista tem trilhado um longo caminho resultante da combinação da sua doce voz, com a versatilidade entre piano e guitarra, entre o jazz e country. Descontraída, simpática e romântica, conquistou o mundo, nunca desiludindo os críticos.
Mais do que nervosa, quando lança um álbum ou uma nova canção, fica animada. «Sempre que tenho a possibilidade de lançar novas músicas, é muito empolgante. Às vezes, ficar a fazer tantas digressões, tantos espetáculos, é muito exaustivo. É muito bom sentar-me, compor e poder mostrar coisas novas», disse numa entrevista ao TMDQA, em 2016, concordando que, todos os seus álbuns, «são uma espécie de almas gémeas uns dos outros», mas não por isso «menos especiais».
A cantora, pianista e compositora de jazz norte-americana multipremiada, de 44 anos, foi uma das artistas confirmadas para atuar na 18ª edição do COOLJAZZ, no dia 29, no Hipódromo Manuel Possolo, num concerto com assinatura própria «revisitando os sucessos da sua carreira», segundo a organização do evento.
Mas de onde veio? De que forma se tornou na estrela vencedora de 9 Grammys e que já vendeu mais de 50 milhões de discos em todo o mundo?
Rápida ascensão
Filha da produtora de concertos Sue Jones e da lenda da música indiana Ravi Shankar, Geetali Norah Jones Shankar (a artista mudou oficialmente o seu nome aos 16 anos), nasceu em março de 1979 em Manhattan, Nova Iorque. Os seus pais acabaram por separar-se e, aos quatro anos, Norah passou a morar apenas com a sua mãe em Grapevine, no Texas. Começou depois a cantar no coro da igreja e a ter aulas de piano, canto e saxofone. Durante essa altura foi especialmente influenciada por artistas como Bill Evans e Billie Holiday. Além disso, na época da faculdade, segundo contou a própria artista em várias entrevistas que deu, costumava cantar músicas de Tom Jobim e era fã de cantores como Elis Regina e Caetano Veloso.
E, por essas valências, em adolescente, já havia estabelecido uma boa reputação como vocalista de jazz, tendo conquistado duas vezes o Student Music Award da revista Down Beat de Melhor Vocalista de Jazz.
A jovem acabou, por isso, por estudar jazz e piano no Booker T. Washington High School for the Performing and Visual Arts e na University of North Texas. No entanto, em 1999, após dois anos na universidade, Norah decide voltar para Nova Iorque, onde integrou em mais do que uma banda, ao mesmo tempo que começou a escrever as suas primeiras composições originais.
Mas a sua carreira só foi impulsionada em 2002 com seu álbum de estreia ‘Come Away With Me’. No ano seguinte, recebia cinco Grammys, incluindo o de Melhor Artista Revelação.
Seguiu-se ‘Feels Like Home’, em 2004, mais influenciado pela música country, que estreou como número um em 16 países e, um ano depois, lhe valeu mais Grammys, entre os quais o de Melhor Performance Vocal Pop Feminina. Uma semana depois do lançamento do seu segundo disco, em que o número de vendas bateu um milhão, Norah foi considerada pela Time uma das personalidades mais influentes de 2004. O álbum foi o segundo mais vendido do ano.
Seguiram muito mais prémios e trabalhos, como os álbuns ‘Not Too Late’, em 2007, ‘The Fall’, em 2009, ‘Little Broken Hearts’, em 2012, ‘Day Breaks’, em 2016 e ‘Pick Me Up Off the Floor’, em 2020.
Além de cantora, Norah Jones é também atriz. Em 2007 teve a sua estreia na representação, como protagonista, no filme ‘My Blueberry Nights’, em português ‘Um Beijo Roubado’, realizado por Wong Kar-wai, ao lado de Jude Law, Rachel Weisz e Natalie Portman. O filme abriu o festival de Cannes desse ano.