JMJ. “Sinto que venho com uma missão. Tenho de compensar Deus” | VÍDEO

Se há quem aguarde ansiosamente a Vigília, há quem não pense em mais nada a não ser estar no mesmo espaço físico que o Papa Francisco. A Jornada Mundial da Juventude já começou e, ao meio dia de terça-feira, os peregrinos e voluntários já se encontram no Parque Eduardo VII. O objetivo? Compensar Deus pelo…

O relógio ainda não marcou o meio-dia e o sol já queima. Em Lisboa, vêm-se menos carros do que o habitual. No entanto, como seria expectável, já que nos encontramos na semana mais aguardada para muitos – a Jornada Mundial da Juventude – os veículos foram substituídos por pessoas, espalhadas por toda a capital. 

O Parque Eduardo VII é o ponto central até sexta-feira. Aqui, não é difícil distinguir os peregrinos e voluntários dos turistas ou cidadãos comuns. As camisolas amarelas, as fitas ao pescoço, as bandeiras nas mãos, os chapéus brancos… Vêm-se muitos grupos, todos eles bastante distintos, tanto pelas vestimentas como pela língua. Cantam, riem e conversam enquanto descem a Avenida Fontes Pereira de Melo, ainda com espaço para circular. Em cada entrada para a rotunda do Marquês de Pombal, a polícia revista aqueles que chegam. 

«Nunca pensei conseguir fazer parte disto», afirma Luana, de 25 anos, portuguesa, na fila de espera para passar as cancelas. Para si, este é um momento de amor, partilha e encontro. «Somos todos muito diferentes e, quando toca à religião, às vezes não nos conseguimos encontrar já que é difícil conhecer pessoas que partilhem das mesmas crenças no dia-a-dia», revela a jovem. Segundo a peregrina, há a ideia de que os jovens estão cada vez mais afastados da religião e, esta Jornada, vem mostrar «totalmente o contrário». «Somos muitos espalhados pelo mundo inteiro e é tão bom podermos conhecer os nossos irmãos, partilhar com eles este amor por Deus. Recompensar tudo aquilo que ele nos dá», afirma, acrescentando que é isso que vem fazer.

Nas sombras das árvores grupos aproveitam para descansar, beber água e comer. Sorriem para quem passa, como se todos se conhecessem. Na lateral direita do Parque Eduardo VII, uma jovem dança ao som da música que ecoa em toda a praça do Marquês. De braços no ar, canta e cumprimenta os seus «irmãos». 

Jéssica Aragão é brasileira, mas mora há alguns anos na França. É a primeira vez que viaja até Portugal e não podia estar mais feliz: «Vim até cá pelo senso de missão, de serviço. A gente já sabe tanto de Deus e queremos transmitir isso voluntariamente. Ele dá-nos tanto amor… Esse foi o principal motivo que me fez vir para Portugal», explica ao Nascer do SOL, revelando que até agora tem sentido um carinho muito grande por parte dos portugueses. «Acredito que durante a Jornada esse amor se vai multiplicar, não só dos portugueses como de todo o pessoal, todos os cristãos de todas as nacionalidades que estão aqui para viver esse momento», disse. Da programação, Jéssica Aragão tem um momento que mais anseia: «Estou muito ansiosa com a Vigília. Vai ser a noite toda em oração. Acredito que vai ser um momento muito forte, de muita conexão com Cristo!», acredita. «Espero que seja realmente um momento de viver esse amor que a gente tanto espera», deseja a jovem de 29 anos. 

Na entrada do parque, como quem sobe até ao palco, tendinhas brancas saltam à vista. Voluntários da APAV encontram-se a colar cartazes nas árvores. «Obviamente que desejamos que a Jornada seja um evento seguro para toda a gente, um evento feliz!», afirma Carla Ferreira, assessora técnica da direção da APAV. «A nossa presença aqui é voltada, não só para prestar um apoio direto a qualquer pessoa que seja vítima de crime, desde o furto, até outros crimes que sejam mais gravosos, mas também na perspetiva de podermos dar conselhos de prevenção e segurança», conta, acrescentando que desejam também fazer alguma «contingência». «Somos um apoio imediatamente disponível para as vítimas», garante, sublinhando que este é sempre feito em coordenação com outras entidades, «sempre em articulação muito próxima». «Estamos a partilhar o espaço com a área da saúde mental que irá receber pessoas com dificuldades como ansiedade e estamos a trabalhar juntamente com a polícia, o INEM, a diplomacia», frisa a responsável. No fim de semana, dia 5 de agosto, segundo a mesma, a APAV desloca-se até ao Parque Tejo. «Se alguém precisar de nós, não precisa de vir aqui. Nós mesmo nos deslocamos, só têm de contactar-nos», revela.

Num dos bancos com vista para o jardim em frente ao palco, três amigas conversam. As camisolas amarelas evidenciam que se tratam de voluntárias. 

Inês tem 28 anos é portuguesa e já participou em duas outras jornadas, uma em Madrid e outra na Polónia.  «Participei sempre como peregrina, mas queria participar como voluntária», admite, acrescentando que «tinha de ser no seu país». «Como peregrina não temos muitas responsabilidades, podemos viver as Jornadas de outra forma. Como voluntária estamos a seguir uma missão e acho isso muito especial», conta. A jovem acredita que esta jornada vai ser «incrível», já que chegam pessoas de todo o mundo. E, para si, não é preciso muito mais do que isso: «Vamos todos sentir Jesus e isso é o mais importante», defende. Tal como Jéssica Aragão, o momento mais aguardado, para si, é a Vigília. «Acho que é o momento mais aguardado para quase toda a gente. Vai ser maravilhoso. Vamos sentir a união, o amor que carregamos todos no peito. Um amor partilhado», reforça. 

Já Eline, de 27 anos, cabo-verdiana que mora na França, aguarda ansiosamente o encontro com o Papa Francisco. «Desde o mês de janeiro que estou ansiosa por vir. Quero vê-lo. Poder estar no mesmo espaço que ele fisicamente é muito especial», garante. 

Interrogadas se durante estes dias haverá espaço para outro tipo de lazer, as amigas admitem não pensar nisso já que a programação lhes dá tudo aquilo que precisam para terem uma experiência maravilhosa e se divertirem. «Até música nos dão. Há o Festival da Juventude, por isso, não precisamos de nos afastar da programação, dos nossos irmãos. Deram-nos tudo!», acreditam.