Rui Pedro Faria
Presidente da Cooperativa Milho-Rei
Também em Portugal, esse sentimento vai medrando, muito por culpa do tratamento desproporcional que, por cá, alguma comunicação social dedica ao fenómeno.
Mas será inevitável, de facto, o crescimento da extrema-direita em toda a Europa? Provavelmente não. Os resultados das eleições em Espanha parecem mostrar como é manifestamente exagerado o vaticínio de cavalgada imparável da extrema-direita na Europa.
Apesar da narrativa criada de que a esquerda sofreria uma derrota humilhante e de que o herdeiro político do franquista Fraga Iribarne, apoiado pela extrema-direita do Vox, teria um passeio triunfante rumo ao Palácio da Moncloa, a realidade atropelou o saudosismo reaccionário.
O Vox capitulou, com menos dezanove eleitos para o Congresso Espanhol, e a extrema-direita, com pouco mais de 12% dos votos, muito dificilmente chegará ao Governo espanhol.
Santiago Abascal cancelou o discurso na varanda, idealizado para a vitória esperada, e fez uma intervenção aziada na sede do Vox. André Ventura lá estava, em Madrid, preparado para se encavalitar em Abascal e gritar vivas à extrema-direita, imprescindível para a formação de governos em Espanha como em Portugal. Correu-lhe mal.
Há muito a dividir as realidades políticas espanhola e portuguesa, mas há algo que não difere: a Esquerda, quando converge e se equilibra na sua diversidade, tem as respostas para as necessidades e anseios do povo.
Como afirmou Yolanda Diaz, líder da plataforma de esquerda Sumar, em Espanha ganhou a Democracia e os espanhóis podem dormir mais tranquilos. Bem como os portugueses, acrescentamos nós.