As ruas de Lisboa encheram-se de jovens como nunca tínhamos visto. Vieram de todos os pontos do mundo e caminham em grupos animados, identificados com a Cruz peregrina e a imagem da Nossa Senhora. Vieram não só para ver o Papa Francisco, mas também para estarem uns com os outros, para se encontrarem e celebrarem juntos. Para descobrirem o que há para lá das fronteiras, às vezes do outro lado do oceano ou do continente. Muitos vieram de Espanha, mas muitos outros de bem mais longe e trouxeram a bandeira do seu país que agitam com o mesmo entusiasmo com que estão a viver estes dias. Vieram para rezar e para estarem em comunhão com Deus, mas também para se divertirem, para andarem livremente a fazer o que os jovens tão bem sabem fazer: aproveitar a vida, vivê-la com intensidade, experimentá-la, gozá-la. E têm mostrado todos os dias que por mais diferentes que sejam e independentemente de onde vêm, o que têm em comum é muito mais forte do que os distingue. Todos têm uma crença que os une – não só em Jesus, mas a de espalhar e viver a sua mensagem, que é a do bem, do amor, da entreajuda, da alegria de estar com o outro.
Esta enchente de vida não deixa ninguém indiferente. Seja pelas horas que aqueles que não conseguiram escapar da capital demoram a entrar na cidade e a deslocar-se dentro dela, seja pelo ambiente e rasto de festa que os peregrinos deixam atrás de si.
É de louvar todos os voluntários envolvidos, todos os que acolheram peregrinos nas suas casas (alguns às dezenas) e os que trabalharam durante meses para proporcionar estes dias de festa e de encontro.
Devia ser este o caminho a seguir, o de receber o outro, de união, de festa, de alegria. O de acreditar que é pelo amor, pela paz e solidariedade que a vida faz mais sentido. O de sair, de arriscar, de ser curioso e descobrir. De combater a inércia que se apodera de muitos jovens fechados nos seus quartos em frente a um computador, quando há tanto para viver cá fora!
E também dos mais velhos que por vezes vivem virados para si e que sem se darem conta se entregam à ganância, à inveja ou ao rancor, acabando por se fechar ou por cortar laços, quando podiam inovar, encontrar soluções e ligações.
Como nas ruas de Lisboa, que a vida se faça a celebrar, sem medo, sem cansaço, sem inércia. Com o outro, com alegria e com amor. Por nós e pelos outros. Cristãos ou não, deixemo-nos contagiar pela mensagem que o Santo Padre e estes jovens nos trouxeram.
Psicóloga
na ClinicaLab Rita de Botton
filipachasqueira@gmail.com