Desde que iniciei esta demanda, uma das mais difíceis a nível emocional da minha vida, que fico chocada com a perversidade existente no mundo digital. Se por um lado existem que se saiba 500 mil predadores sexuais ativos, sendo que por esta estimativa, então devem ser muito mais, por outro temos progenitores a ganhar dinheiro com a venda da imagem dos seus filhos de 3, 4 e 5 anos, indo por aí fora, não fazendo qualquer rastreio de quem os segue, pois quantos mais seguidores melhor, lucrando assim, com aquilo a que chamo de exploração infantil, na sua vertente mais macabra e perigosa.
É sabido que ao publicarem assim as fotografias dos seus filhos, sendo muitas destas fotografias hiper-sexualizadas, roubando por completo a idade das crianças, transformando-as em mini-adultos ou adultas o que para quem vê e para quem as quer proteger, se torna completamente assustador. É completamente surreal no negócio em que isto se transformou e a quantidade de gente que faz disto modo de vida, acho que os seus filhos são uma autêntica montra ou catálogo, o que acaba por acontecer, pois não existe qualquer supervisão. Devido ao facto de se ter criado a palavra ‘influenciador’, chegou-se ao ridículo de pensar que estas crianças, vítimas da alienação e delírios dos seus pais, também o sejam, dizendo explicitamente nestas páginas que é o que são: influenciadores de conteúdos digitais.
Milhares e milhares de imagens e milhares e milhares de perfis, seguidos por perfis de homens não identificados, sem qualquer post publicado a verem estas imagens para sua pura gratificação e sem qualquer controlo, perfis de mulheres ligadas a negócios sexuais e tudo e mais alguma coisa. E neste choque térmico, de alguém que começou a trabalhar numa petição europeia e a recolher assinaturas no seu país, se vê a tentar consciencializar quem lucra com a imagem dos próprios filhos, sabendo dos seus riscos.
É completamente inadmissível, que ao saber que estas imagens vão parar a sites de pornografia, que são manipuladas e trocadas entre predadores sexuais, os responsáveis por estas crianças não sejam punidos criminalmente por explorarem e porém em risco a vida dos próprios filhos em proveito próprio, fechando os olhos a todos os avisos, porque dá jeito, no final do mês, receber às custas de um ser indefeso, uma renda, fama e proveito próprio. Acho que basta desta autêntica barbaridade que é feita com todas estas crianças que não pediram para estar ali, expostas, nuas, sem qualquer responsabilização pelos seus direitos. Eu penso que sim, deviam ser responsabilizados criminalmente todos os que exploram os seus filhos de forma obscena na internet. E penso que já vamos tarde.
E enquanto isso não acontece digo e repito as vezes que forem necessárias, parem de vender a imagem dos vossos filhos, num contrato assinado com 500 mil predadores sexuais online!