Terminada a ronda de reuniões com os partidos políticos espanhóis, Filipe VI deu ao Partido Popular (PP) a possibilidade de formar governo, mas isso não significa que a situação política esteja resolvida, bem pelo contrário. O partido de Nuñez Feijóo foi o mais votado nas eleições de julho, mas os conservadores não conseguiram maioria absoluta, o que significa que vão ter de fazer acordos com outros partidos para garantir o apoio parlamentar que lhes permita governar.
Por seu lado, o dirigente socialista Pedro Sánchez, atual primeiro-ministro, não conseguiu segurar o eleitorado tradicional do PSOE e foi derrotado nas eleições. É a volta destes partidos que se vai decidir o futuro de Espanha nos próximos tempos, não estando afastada a possibilidade de novas eleições em breve. As duas principais forças partidárias não conseguiram os votos suficientes para fazer governo, agora vão ter de se coligar e todos os cenários são possíveis, com os partidos mais pequenos e ideologicamente opostos a ganharem um peso político que não tiveram nas urnas, caso dos nacionalistas e independentistas bascos, catalães e galegos. Por esse motivo, Feijóo insiste em reunir-se com Sánchez para tentar um acordo que permita ao partido mais votado governar. «Espanha não merece uma situação ingovernável», afirmou.
Depois de ser recebido por Filipe VI, o presidente do PP afirmou que aceitava a nomeação para se submeter à votação do parlamento para ser primeiro-ministro, e fez questão de frisar: «O Partido Popular merece a oportunidade formar governo, uma vez que foi o partido mais votado nas eleições». Disse ainda que precisa de tempo para negociar com os partidos que possam viabilizar um governo. O facto de o Vox, partido de extrema-direita, ser seu aliado pode complicar a tarefa de Feijóo. Por essa razão Santiago Abascal pondera apoiar o PP no parlamento, mas não fazer parte do governo.
Embora tenha perdido as eleições, o PSOE tem mais aliados no parlamento, o que levou Pedro Sánchez a afirmar que tem mais hipóteses de conseguir formar um governo estável, contando com o apoio da coligação Sumar e com outros movimentos regionalistas e independentistas. As contas são relativamente fáceis de fazer. O PP conta com 172 deputados, incluindo os deputados do Vox, da UPN e da Coalición Canaria, mas para ter maioria absoluta no parlamento são necessários 176 deputados. Já o PSOE, Sumar, Junts, ERC, EH Bildu, PNV e BNG conseguem 178 deputados. Cabe agora à Mesa do Congresso dos Deputados agendar o debate e votação de tomada de posse de Feijóo como primeiro-ministro. Se essa possibilidade falhar, o Rei deverá repetir a ronda de audiências com os partidos e indicar novo candidato a primeiro-ministro, como já aconteceu no passado.