Por João Sena
Desde 2021 que a P21 Motorsport organiza uma competição monomarca com os espetaculares e potentes 911 GT3, nas versões 997 e 991. Estamos a falar de verdadeiras máquinas de corrida com 450 cv, que fazem de 0 a 100 km/h em quatro segundos. Este troféu constitui uma mais-valia no panorama da velocidade nacional, pois tem carros espetaculares – o 911 GT3 é um ícone do desporto automóvel – pilotos de qualidade e corridas muito disputadas, ou seja, tudo aquilo que os amantes das corridas gostam. É espetáculo garantido com custos bastante acessíveis e controlados atendendo ao carro que é. «Sempre pensei que fazia falta uma competição deste tipo em Portugal», começou por nos dizer José Monroy, manager da empresa que organiza o troféu.
O responsável, que é também piloto, explicou-nos como surgiu este projeto ibérico, que teve o reconhecimento oficial da Porsche Motorsport este ano. «A ideia surgiu por mero acaso. Tive uma reunião com uma pessoa que estava interessada em montar um circuito na Argentina. Nessa reunião, fiquei também a saber que organizava a Porsche GT3 Cup nesse país, mas que estava a meio gás. Surgiu, então, a possibilidade trazer esses carros para Portugal e organizar um troféu».
José Monroy aproveitou a oportunidade para concretizar uma ideia antiga: «Tinha vontade de criar um troféu monomarca em Portugal, na altura tinha pensado no Mercedes A35 AMG». Mesmo em cima de uma pandemia e com todas as incertezas que havia, deitou contas à vida e começou a pensar na forma de concretizar o projeto Porsche. «Senti-me confortável com o levantamento que fiz e decidi avançar. É um projeto a longo prazo», garantiu.
De encher a vista
O Troféu GT3 Cup (foi a primeira designação) foi montado em apenas quatro meses. «Fechámos o negócio em dezembro de 2020, recebi os primeiros carros em início de março de 2021 e a primeira corrida foi em abril». A P21 Motorsport adquiriu 20 modelos 997, a maioria foi vendida a pilotos com a obrigatoriedade de disputarem o troféu dois anos. O projeto evoluiu para o modelo 991, com a condição de os pilotos fazerem outras duas épocas. «A nossa ideia é introduzir um modelo novo a cada dois anos, sendo que os modelos anteriores podem continuar a competir», disse o responsável do troféu, que adiantou «já encomendei 20 modelos 992 para 2025». De notar que o apertado controlo técnico dos carros por parte da organização garante que as corridas sejam disputadas em condições de igualdade.
A casa-mãe seguiu a competição com atenção, gostou do que viu, e, em 2023, permitiu à P21 Motorsport usar a designação oficial Porsche. «Para a organização isso é muito importante porque é o reconhecimento do nosso trabalho. Usar o nome da marca e ser o primeiro troféu oficial da Porsche na Península Ibérica é uma vitória e um orgulho», reconheceu José Monroy. O troféu organizado por uma empresa portuguesa tem a particularidade ser o único a nível mundial que junta dois países, sendo que a Porsche Ibérica, sediada em Madrid, representa todos os concessionários em Portugal e Espanha.
Há muito que a área do Motorsport se especializou no desenvolvimento de carros de competição com base em modelos de série. «Os carros vêm da fábrica já preparados para correr, depois a P21Motorsport propõe duas possibilidades de participação. Os pilotos podem comprar o carro, o preço varia entre 120 e 140 mil euros, ficando a cargo do proprietário a manutenção e o transporte para as corridas. Neste caso, podem gastar mais cerca de 70 mil euros para fazer a época toda, isto se não houver acidentes, nem graves problemas mecânicos. Há outras equipas que utilizam o sistema “chave na mão” para toda a época, com um valor entre os 90 e os 100 mil euros, neste caso a organização encarrega-se da manutenção e da logística», explicou Monroy.
Este troféu destina-se a diferentes tipos de pilotos. «Existem semiprofissionais e gentleman drivers, esse é o mercado que temos em Portugal e Espanha. O troféu vai evoluindo, mas no que se refere a pilotos a ideia é manter esse nível. Ter pilotos profissionais, que têm outras condições para correr, não faz sentido», sublinhou. Dependendo do tipo de carro e do nível do piloto, há três categorias: Pro Am, AM e Gentleman Driver. Outra particularidade deste troféu é a presença de uma piloto feminina. Francisca Queiroz, de 17 anos, já mostrou ter andamento para estas corridas e gosta da experiência.
O calendário é composto por seis fins de semana com duas corridas sprint. Há quatro provas em Espanha e duas em Portugal, há uma justificação para isso – «só temos dois circuitos diferentes no nosso país: Estoril e Portimão». Uma coisa é garantida, todos os circuitos permitem tirar o máximo potencial do carro. O programa de cada evento é composto por dois treinos livres de 40 minutos, duas qualificações de 20 minutos e duas corridas de 28 minutos, mais uma volta. Esta é a fórmula ideal para que os pilotos menos experimentados possam tirar o máximo partido das corridas. A próxima época já está a ser planeada. «O calendário do próximo ano vai ter pelo menos seis provas, existe a possibilidade de serem sete, mas para efeitos de classificação só contam seis resultados», adiantou o responsável pelo troféu.
Existe a ambição de levar a Porsche Sprint Cup para um patamar superior, e ser prova de suporte às grandes competições internacionais. «Há essa possibilidade. Se a Fórmula 1 ou o Campeonato do Mundo de Resistência voltarem a Portugal, o nosso troféu fará parte do programa se não se não houver a Porsche Supercup. No caso de Espanha, se a competição organizada pela Porsche não acompanhar a Fórmula 1 o nosso troféu tem prioridade», concluiu.